Lula critica países ricos e defende agenda de paz e justiça social em cúpula do BRICS

De acordo com o presidente brasileiro, a divisão do munto "entre amigos e inimigos" gera problemas para os mais vulneráveis, pois esses precisam de paz e estabilidade econômica.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participou nesta quarta-feira, por videoconferência, da reunião ampliada da XVI Cúpula do BRICS, onde criticou os países desenvolvidos por agravar crises globais e ressaltou a necessidade de enfrentar problemas que afetam os "mais vulneráveis".

Lula afirmou que os países historicamente desenvolvidos têm responsabilidade pelas dificuldades que outros países enfrentam atualmente, destacando o papel do BRICS na luta contra a fome e a desigualdade.

"Dicotomias simplistas"

Durante seu discurso, Lula condenou as "dicotomias simplistas" impostas para dividir o mundo entre "amigos e inimigos".

"Os mais vulneráveis não se interessam por essas divisões. Eles querem comida em abundância, trabalho digno, além de escolas e hospitais públicos de qualidade e de fácil acesso", disse o presidente.

Ele também enfatizou a importância do BRICS na luta contra a desigualdade e na defesa de "um mundo multipolar e de relações menos desiguais entre os países".

O presidente fez um alerta contra a criação de "apartheids" no acesso a vacinas e medicamentos, como aconteceu na pandemia, e na evolução da Inteligência Artificial, que está se tornando privilégio de poucos.

Assuntos econômicos

Lula lembrou que o BRICS representa 36% do PIB global, considerando a paridade de poder de compra, e possui 72% das terras agricultáveis do mundo.

Apesar disso, ele destacou que os fluxos financeiros ainda são concentrados nos países ricos, e que o BRICS pode reverter essa situação por meio de suas próprias iniciativas e instituições.

"É necessário garantir que a ordem multipolar que buscamos se reflita no sistema financeiro internacional", afirmou.

Agenda de paz

Além de abordar os desafios da fome e da pobreza enfrentados pelas pessoas, Lula destacou a agenda de paz, afirmando que "os mais vulneráveis querem viver sem armas que ceifam vidas inocentes".

Ao mencionar a busca pela paz, o presidente citou o conflito em Gaza e as palavras do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que classificou a região como "o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo".

Lula também ressaltou a urgência de negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, lembrando que o Brasil já desempenhou um papel nessa mediação ao lado da China.

"É essencial recuperar nossa capacidade de trabalhar juntos por objetivos comuns" em meio aos conflitos em andamento, concluiu Lula.