Funcionárias públicas, incluindo ex-servidoras, apresentaram graves acusações de assédio moral e racismo no Ministério das Mulheres, especialmente direcionadas a mulheres negras, segundo uma reportagem da Alma Preta divulgada na segunda-feira.
As denúncias envolvem a chefe do ministério, Cida Gonçalves, e a secretária-executiva, Maria Helena Guarezi.
De acordo com 17 funcionárias e ex-funcionárias da pasta entrevistadas pela agência, a ministra teria demitido a secretária de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, Carmen Foro, sob a acusação de "priorizar suas atividades na campanha eleitoral visando as eleições de 2026" ao invés de suas responsabilidades no ministério.
Além disso, após a exoneração de Foro, a ministra teria convocado uma reunião para "ameaçar" as servidoras que faziam parte da equipe da ex-secretária, conforme relata a publicação.
Cida Gonçalves também é acusada de criar um ambiente de trabalho repleto de assédio moral e perseguição.
Em um trecho de uma gravação, ela teria dito: "Pode ser que boa parte de vocês também pode sair, ou não, depende de como vai ser o processo da nova secretaria. A princípio eu tinha dito para a Carmen que quem é dela, que veio com ela, tinha que ir".
Acusações de racismo
A secretária-executiva, Maria Helena Guarezi, foi acusada de racismo ao solicitar que Foro, que possui cabelo crespo, se sentasse durante uma reunião.
Segundo testemunhas, que optaram por não se identificar devido ao medo de retaliações, o cabelo de Foro estaria "atrapalhando a visão do espaço".
As funcionárias ouvidas pela agência afirmam que a ministra das Mulheres estava ciente da situação, mas não tomou as medidas necessárias.
Outras também relataram que comentários como "de novo isso de racismo?" e "já vem essa de mulher negra" tornaram-se comuns dentro do ministério.