Um grupo de pesquisadores de instituições da Itália sugeriu que o vírus Oropouche também pode ser transmitido entre humanos por meio de contato sexual, depois de detectar o agente infeccioso no sêmen de um paciente italiano que havia sido recentemente diagnosticado com a infecção, informou a mídia local na sexta-feira.
O vírus Oropouche é transmitido principalmente aos seres humanos por meio da picada de mosquitos e mosquitos infectados. A infecção pelo organismo geralmente causa sintomas semelhantes aos da gripe. Entretanto, em alguns casos, pode levar à meningite, uma infecção dos tecidos que cobrem o cérebro e a medula espinhal.
Embora o agente viral seja endêmico na região amazônica da América do Sul, casos associados a viagens também foram relatados na Europa e nos EUA. Até 6 de setembro, um total de 9.852 casos confirmados de febre de Oropouche foram registrados no Brasil, Bolívia, Colômbia, Cuba, Peru e República Dominicana, além de duas mortes no Brasil.
No caso da Itália, foram registrados cinco casos, todos eles relacionados a viagens ao exterior. Um estudo publicado na revista Emerging Infectious Diseases relatou a presença do material genético do vírus no fluido seminal de um homem italiano de 42 anos que havia visitado Cuba em julho passado.
Vírus persiste por mais tempo no sêmen
De acordo com os cientistas, o paciente foi diagnosticado com a doença do vírus Oropouche após ter testado as alterações genéticas em amostras de soro, sangue e urina coletadas quatro dias após o início dos sintomas.
Eles também mencionaram que o homem havia se recuperado totalmente no décimo dia. No entanto, os especialistas mencionaram que os testes mostraram que o vírus estava ativo em amostras coletadas dias após o início dos sintomas. No caso da amostra de sêmen, o material genético do micro-organismo persistiu nesse fluido 58 dias após o início dos sintomas.
Por outro lado, os pesquisadores decidiram cultivar o vírus 16 dias após o início dos sintomas e identificaram que o material genético do agente infeccioso tinha a capacidade de se replicar no sêmen por até 32 dias. Os especialistas acreditam que a detecção do material genético do vírus no sêmen pode ser o resultado de sua replicação no trato genital do paciente, mas também pela disseminação passiva do microrganismo.
"Nossa descoberta indica a possibilidade de transmissão da infecção de pessoa para pessoa, algo que nunca tinha sido descrito até o momento", disse o pesquisador Federico Gobbi. Entretanto, os cientistas estão cautelosos com relação aos resultados do estudo. Por sua vez, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA enfatizaram que, até o momento, nenhum caso do vírus por transmissão sexual foi relatado.