John Shipton, pai do jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, contou à RT em uma entrevista exclusiva como foi a ajuda do presidente Lula e do ex-presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador no caso de seu filho.
Shipton agradeceu às pessoas de todo o mundo pelo apoio a Assange, observando que havia "muitas centenas de milhares de pessoas que lutaram ardentemente pela liberdade de Julian por muitos anos". "Algumas das pessoas passaram 15 anos lutando pela liberdade de Julian e isso se tornou uma grande família que se estende do Reino Unido à Alemanha, França, Moscou, Nova Zelândia, Canadá e Austrália. A Espanha, eu omiti a Espanha. E na América do Sul, Julian era imensamente popular lá e teve a ajuda do presidente do Brasil [...] e do presidente do México", contou.
Ao mesmo tempo, o pai do jornalista sempre acreditou, durante todos os anos de luta pela liberdade de seu filho, que "as pessoas do mundo se oporiam fundamentalmente à visão da injustiça" e agiriam para "fazer justiça". Sua opinião era compartilhada pelo ex-presidente mexicano, declarou Shipton. "Ambos concordamos que, após uma vida inteira de experiência em direito e, no caso do presidente mexicano, em política, o aspecto fundamental que encontramos nas pessoas foi a fome de justiça e a repulsa à injustiça", comentou.
Além disso, Shipton ressaltou que seu principal dever com relação à libertação de Assange era "criar apoio, apoio político e social em todo o Ocidente, de modo que as circunstâncias permitissem que políticos, diplomatas e advogados negociassem um acordo". Nesse contexto, ele também agradeceu ao povo e ao governo australianos pelo que fizeram pela libertação do jornalista, acrescentando que "se não fosse por essa intercessão, Julian não teria sobrevivido".
Vida após a libertação
Na entrevista, o pai de Assange também revelou como está sendo a vida do filho após a libertação. "Ele está cuidando dos filhos e da esposa e construindo uma compreensão de sua família e de suas circunstâncias, suas novas circunstâncias de liberdade", disse. Ele também observou que, por ser "um leitor voraz e muito curioso", com a leitura, Assange também está "aprofundando seu conhecimento nas áreas de seu interesse, que são muitas".
Perguntado se ele acredita que Assange pode ficar tranquilo sabendo que não é mais procurado pelos EUA, Shipton afirmou que "os acordos que os diplomatas e advogados fizeram com os EUA são substanciais o suficiente para permitir que Julian tenha uma vida normal com sua família e continue seu trabalho editorial e jornalístico".
O futuro do jornalismo
Ao responder às perguntas da RT, Shipton também compartilhou sua visão sobre o futuro do jornalismo, prevendo a diminuição do papel da mídia tradicional, que ele descreveu como uma "ferramenta diluída dos governos". "O verdadeiro futuro do conhecimento, a distribuição do conhecimento, está no que chamamos de mídia alternativa e na influência crescente da mídia social", declarou.
"Como consequência, o fluxo de informações entra na sociedade e se torna conhecimento. Quando se torna conhecimento em uma sociedade, ajuda na formulação de políticas apropriadas dentro da governança. Portanto, acho que é aí que está o futuro", previu.