Milei afirma que "a inflação começou a cair" na Argentina
O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou no último sábado que "a inflação começou a cair" e que o país "em breve seguirá em frente", insistindo assim no modelo de ajuste adotado por seu Governo, informa a agência de notícias Télam.
"Estamos conseguindo. Evitamos a hiper [hiperinflação], a inflação começou a cair e logo vamos avançar, assim, com fé, vamos sair", afirmou Milei em um teatro na cidade de Mar del Plata, onde chegou para assistir à apresentação de sua namorada, a atriz Fátima Flórez. "Da outra vez, quando cheguei, estávamos há poucos dias de ter iniciado a administração, e eu disse que seria difícil, mas que iríamos conseguir", disse ele.
De acordo com os dados oficiais de inflação na Argentina para dezembro de 2023, um mês após a posse de Milei, que se propõe a implementar um plano de choque econômico no país sul-americano, os preços ao consumidor aumentaram 25,5% em relação a novembro (12,8%) e acumularam 211,4% anual.
Essa é a maior inflação mensal e anual registrada nas últimas três décadas, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos. Em 1991, em um contexto de hiperinflação, o órgão encerrou o ano com um indicador de 115%.
Em novembro, enquanto Alberto Fernández ainda era presidente, esse indicador subiu para 12,8%, depois de atingir 8,3% em outubro. Pouco depois de Milei assumir o cargo, em 10 de dezembro, o Governo "libertário" promoveu uma forte desvalorização do peso para 50%, o que levou a um agravamento da inflação. O drama econômico da Argentina, que o novo presidente disse ser capaz de resolver, já mostrava uma taxa de inflação anual de 160,9% no último mês completo da administração peronista.
O presidente Milei advertiu, antes de assumir o cargo, que nos primeiros meses de seu Governo haverá uma situação de "estagflação", mas prometeu "acabar" com a inflação crescente, um problema crônico na Argentina. Estagflação é quando uma economia está estagnada e, ao mesmo tempo, tem inflação alta, o que afeta fortemente o poder de compra das pessoas.
'Lei Ônibus'
Enquanto isso, a Argentina viveu uma semana intensa na esfera política e social. Na sexta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou no geral o projeto da 'Lei Ônibus', apesar da forte rejeição dos cidadãos, que se mobilizaram em frente à Câmara para protestar contra a iniciativa. Os protestos foram marcados pela repressão da polícia. No entanto, o Governo elogiou as ações das forças de segurança e declarou que apresentará uma denúncia penal contra os manifestantes que queimaram propriedade pública.
A polêmica regulamentação, que pretendia mudar completamente o funcionamento do país em termos políticos, econômicos e sociais, foi drasticamente reduzida devido à pressão social e política.