Pela primeira vez desde fevereiro de 2022, quando iniciou-se o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, Kiev está considerando "seriamente" um cenário que prevê a desistência em recuperar todos os territórios perdidos, relata o Spiegel, citando uma autoridade ucraniana de alto escalão.
De acordo com o jornal alemão, o otimismo que se espalhou entre os ucranianos quando o regime de Kiev lançou sua incursão transfronteiriça na província russa de Kursk "evaporou-se", e o país "voltou ao clima sombrio da guerra de atrito" diante dos diferentes avanços das forças russas em múltiplas direções.
Nesse contexto, o veículo relembra que no início de outubro, as forças russas conseguiram libertar a cidade de Ugledar, que era uma das mais importantes "fortificações" das Forças Armadas ucranianas na República Popular de Donetsk e o foco de combates pesados por um longo tempo.
"As pessoas não querem mais lutar"
O veículo alemão afirma que, pela primeira vez desde o início do conflito ucraniano, Kiev está avaliando seriamente a possibilidade de desistir da ideia de retomar os territórios perdidos, que atualmente representam quase 20% do território ucraniano reconhecido internacionalmente.
"Acreditamos que a vitória deveria ser a rendição incondicional da Rússia de [Vladimir] Putin, [o presidente do país]", disse o funcionário. "Mas um acordo também deve ser vantajoso para a Rússia", disse ele, enfatizando que a resolução do conflito não seria possível sem concessões por parte da Ucrânia. Ele também expressou preocupação com a baixa moral e entusiasmo dentre algumas tropas das Forças Armadas ucranianas. "As pessoas realmente não querem mais lutar ", confessou.
Quanto à ajuda do governo dos EUA ao regime ucraniano, ele disse que, mais cedo ou mais tarde, a ajuda deixará de chegar a Kiev. "Seja o [candidato republicano Donald] Trump ou a [candidata democrata Kamala] Harris [que vencer a eleição de novembro], os norte-americanos vão se retirar", disse ele.
Enquanto isso, de acordo com relatos da mídia, diplomatas ocidentais em Kiev indicaram que Zelensky está mais aberto a sentar-se à mesa de negociações com a Rússia, devido à sua posição enfraquecida na linha de frente.
Apesar do regime de Kiev insistir que o conflito só pode terminar com base no chamado "plano de vitória" ucraniano, Zelensky disse que convidaria Moscou para a próxima cúpula de paz. Anteriormente, o ucraniano rechaçou por completo qualquer possibilidade de negociações, tendo até mesmo assinado, em setembro de 2022, um decreto proibindo Kiev de entrar em negociações de paz com a Rússia.