FMI avalia mudança nas taxas de juros da dívida argentina em decisão que pode aliviar economia

Uma possível mudança nas taxas de juros sobre a dívida da Argentina pode economizar até US$ 12 bilhões para o país. A proposta, defendida por economistas como Martín Guzmán e Joseph Stiglitz, será debatida nesta sexta-feira pelo FMI.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) decidirá nesta sexta-feira se modificará sua política de taxas de juros sobre a dívida da Argentina, informou o jornal La Nación.

A proposta foi feita durante o governo anterior e pode resultar em uma redução significativa na taxa de juros que incide sobre o Estado argentino.

A decisão será debatida pela diretoria da agência de crédito, que analisará uma mudança na política, que poderá beneficiar países que ultrapassarem certos limites em relação ao valor e ao tempo de sua dívida.

Se a mudança nas taxas de juros básicas for aprovada, o governo argentino poderá economizar cerca de US$ 12 bilhões ao longo dos 30 anos do programa em questão.

Dentre os defensores dessa proposta estão o ex-ministro da Fazenda, Martín Guzmán, e o ganhador do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, que apresentaram ao FMI uma proposta de quatro pontos: eliminação das taxas de juros, estabelecimento de um limite para as taxas básicas, alinhamento dos limites para as taxas de juros e consideração dos pagamentos de taxas de juros como amortização de capital.

Um grupo de mais de 150 economistas, incluindo o próprio Guzmán, Martín Lousteau e o ex-ministro da economia de Eduardo Duhalde, Jorge Remes Lenicov, também pediu ao FMI que reformasse significativamente suas políticas, principalmente em relação às cobranças excessivas.

A demanda argentina sobre as taxas de juros foi levantada pelo governo anterior, de Alberto Fernández, durante as negociações com o FMI no auge da pandemia de coronavírus.

À altura, país apresentou o pedido ao G20 e ao conselho do FMI, mas não teve sucesso, pois alguns dos principais acionistas, incluindo os Estados Unidos, rejeitaram a proposta, alegando que a taxa de juros paga por países com dívidas muito altas, como a Argentina, ajuda a preservar os recursos da organização multilateral.

Guzmán criticou o caráter pró-cíclico das taxas de juros, uma vez que aumentam o custo da dívida em tempos de crise, justamente quando os países mais precisam de financiamento. Ele também destacou que essa política se tornou uma das maiores fontes de receita para o FMI.