Reduto anti-Apartheid, catedral se torna centro de protestos pró-Palestina
A Catedral de São Jorge, localizada no centro da Cidade do Cabo, uma das capitais da África do Sul, ressurgiu como um ponto de protestos pró-Palestina, relembrando seu passado como polo de resistência ao regime de apartheid no país.
Há 52 semanas, independentemente das condições climáticas, manifestantes sul-africanos têm expressado seu apoio e solidariedade ao povo palestino, segundo uma reportagem da agência de notícias Al-Jazeera publicada nesta sexta-feira.
Gritos como "Livre, livre, Palestina!" ecoam nas proximidades da catedral, proferidos por uma multidão multicultural, incluindo judeus, unida por sentimentos comuns.
"Esse local é a âncora de esperança", afirmou o diretor do Escritório de Ligação dos Bispos Católicos, padre Peter-John Pearson, em entrevista à Al-Jazeera.
Opressão histórica
A Catedral de São Jorge é um marco histórico na principal cidade da África do Sul, não sendo a primeira vez que protestos contra a opressão aos povos ocorrem no local, que clama por paz e justiça.
No século passado, durante o regime de Apartheid, que impunha a segregação racial em várias esferas da vida, a catedral acolhia representantes de todas as raças.
Como recorda a Al-Jazeera, o então arcebispo da Cidade do Cabo, Desmond Mpilo Tutu, que na época liderava a Catedral de São Jorge, comparou publicamente as ações de Israel na Palestina à opressão promovida pelo Apartheid na África do Sul.
Em 1984, Tutu recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu papel como "líder unificador na campanha não violenta" contra a segregação racial. Ele também liderou uma das maiores manifestações, que ocorreu em 1989 e reuniu 30 mil pessoas.
"Todos nós estamos sofrendo de um trauma secundário ao ver a brutalidade" que ocorre na Faixa de Gaza, declarou o imã Rashied Omar, líder religioso muçulmano da mesquita de Claremont, ao sul da cidade, ressaltando que o local oferece às pessoas a oportunidade de "preservar o legado" de proteção da justiça social.