O ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro, disse que "questões ideológicas interferem na defesa" do país, ao reagir ao veto do governo brasileiro à aquisição de veículos militares israelenses concordada em abril.
"Nós estamos com essa licitação pronta, mas, por questões ideológicas, não podemos aprovar", declarou o ministro em um evento com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o portal UOL, Celso Amorim, assessor do presidente Lula da Silva para assuntos internacionais, foi o principal responsável por convencer o mandatário a desistir da compra. Para ele, não faria sentido manter relações comerciais com um país que "destrata" o seu principal líder.
Isso teria gerado um impasse entre setores militares, que consideram que isso é assunto de Estado. ''Defendem que esta seria uma controvérsia entre os governantes, enquanto os blindados em questão duram mais do que os mandatos do petista e do premiê", explica o veículo.
Contrato que poderia chegar a R$ 1 bilhão
Em abril, a empresa de armamentos israelense, Elbit Systems, venceu a licitação do Exército Brasileiro para o fornecimento de veículos blindados, com um contrato que, de acordo com a mídia brasileira, podia chegar a R$ 1 bilhão.
O contrato era parte do Programa Estratégico do Exército "Forças Blindadas" e previa fornecimento de 34 sistemas entregues anualmente até 2034.
Ele incluía a aquisição de equipamentos, bem como manutenção, fiscalização e preparação de militares, e serviria, de acordo com o Exército Brasileiro, para "modernizar e ampliar" sua capacidade e a efetividade.
Segundo o ministro da Defesa, Israel venceu em uma concorrência, mas agora o negócio está suspenso. "Houve agora uma concorrência, uma licitação. Venceram os judeus, o povo de Israel", declarou Múcio no evento da CNI, acrescentando que "O TCU não permitiu dar ao segundo colocado" e o ministério estava aguardando que "essas questões passem para que a gente possa se defender".
Ações de Israel
O veto ocorre em meio à escalada do conflito no Oriente Médio após a invasão terrestre do Líbano por parte de Israel e o lançamento de mísseis balísticos iranianos contra o país judeu.
Ao mesmo tempo, Israel continua sua operação na Faixa de Gaza, a qual o presidente brasileiro classificou, em 1º de outubro durante o Forúm Empresarial Brasil-México, como uma "chacina".