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Repressão policial do Governo de Milei deixa 35 jornalistas feridos na Argentina

O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, comemoraram a operação e minimizaram os ataques aos jornalistas.
Repressão policial do Governo de Milei deixa 35 jornalistas feridos na ArgentinaGettyimages.ru / Luciano Gonzalez/Anadolu

O Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (Sipreba) denunciou que a repressão ordenada pelo Governo do presidente da Argentina, Javier Milei, fora do Congresso, deixou 35 jornalistas feridos por balas de borracha, golpes ou gás lacrimogêneo.

"Rejeitamos os ataques deliberados das forças de segurança contra trabalhadores da imprensa que sofreram ferimentos por fazer seu trabalho", disse a organização em um comunicado no qual identificou as vítimas, que trabalham em meios de comunicação públicos, privados e autogeridos, por nome e sobrenome.

Na quarta e quinta-feira, houve repressão violenta contra milhares de pessoas que vieram protestar contra a ''Lei Ônibus', enquanto ocorriam os debates na Câmara dos Deputados.

Como parte dessas operações, os policiais agrediram não apenas manifestantes, supostamente para evitar que bloqueassem as ruas, mas também jornalistas, mesmo que se identificassem como tal.

Muitos deles tiveram que ser atendidos por pessoal médico", disse Sipreba, lembrando que os trabalhadores da imprensa rejeitam a 'lei omnibus' porque visa privatizar a mídia pública e fechar a Defensoria Pública, entre outras medidas que, na opinião da organização, ameaçam a liberdade de expressão e o direito à informação.

"Pedimos o fim das ações repressivas nos próximos dias e exigimos que nossos colegas possam realizar seu trabalho jornalístico em paz, sem agressões ou impedimentos. A liberdade de imprensa é um pilar fundamental da democracia que deve ser defendido, garantido e respeitado por todos os ramos do Governo", acrescentou.

Endossos

O Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Pedro Vaca, também condenou a violência institucional contra jornalistas.

"Dada a escala das reformas que a Argentina está discutindo, é normal que os cidadãos se manifestem. O que não tem cabimento são as detenções de ontem e o contínuo uso da polícia contra manifestantes e jornalistas. Faço um apelo para que haja uma deliberação pluralista sem repressão e censura", escreveu na sua conta do X.

"Sim, próxima pergunta"

Por outro lado, o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, comemoraram a operação e minimizaram os ataques aos jornalistas.

"Sim, próxima pergunta", foi a única coisa que Adorni respondeu de forma depreciativa, depois que o jornalista Fabián Waldman lhe perguntou se o Governo realmente queria a liberdade de imprensa.

Anteriormente, o repórter leu parte da lista de trabalhadores da imprensa feridos, mas o funcionário pediu que ele se apressasse com sua apresentação.

Bullrich foi além e e até afirmou que a polícia pediu aos repórteres que se afastassem para não serem agredidos, o que foi negado por aqueles que cobriram os protestos.