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FMI diz que Milei removerá a taxa de câmbio e aprova seu "ambicioso plano de estabilização"

O órgão enfatizou que as medidas do novo Governo buscam "corrigir os fortes desvios de políticas durante o último trimestre de 2023".
FMI diz que Milei removerá a taxa de câmbio e aprova seu "ambicioso plano de estabilização"Gettyimages.ru / Drew Angerer

O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou que acordou com a administração de Javier Milei, na Argentina, um plano para eliminar durante este ano a "armadilha cambiária", uma série de restrições ao acesso às moedas estrangeiras.

De acordo com a diretora-gerente da organização, Kristalina Georgieva, citada em um comunicado, as autoridades se comprometeram a "eliminar em curto prazo as restrições cambiárias distorcivas remanescentes e as práticas de múltiplas moedas".

Também foi prometido desenvolver planos para "desmantelar gradualmente as medidas de gerenciamento dos fluxos de capital, conforme as condições que o permitirem".

Georgieva fez essa declaração após o FMI aprovar um desembolso imediato de aproximadamente 4,7 bilhões de dólares para a Argentina, após a conclusão da sétima revisão do acordo no âmbito do Financiamento Ampliado da organização (SAF, na sua sigla em inglês) para o país sul-americano.

Segundo o comunicado do FMI, publicado na quinta-feira, os fundos servirão para "atender às necessidades do balanço de pagamentos e apoiar as medidas em marcha e os firmes compromissos das autoridades para restaurar a estabilidade macroeconômica".

"Uma sólida âncora fiscal"

O FMI, em seu comunicado, apoia o que considera um "ambicioso plano de estabilização" que já está sendo implementado pelo Governo de Milei, que assumiu a presidência da Argentina em 10 de dezembro do ano passado.

Esse plano busca "corrigir os fortes desvios de políticas durante o último trimestre de 2023" e se concentra, na opinião do FMI, em "estabelecer uma sólida âncora fiscal e um conjunto de políticas econômicas com o objetivo de reduzir de forma duradoura a inflação, fortalecer as reservas, corrigir distorções e resolver os impedimentos ao crescimento sustentado".

"Após a conclusão das últimas revisões, os grandes desequilíbrios e distorções da Argentina se agravaram e o programa sofreu uma queda significativa, refletindo as políticas inconsistentes do Governo anterior. Em meio a essa herança difícil (inflação alta e crescente, reservas esgotadas e altos níveis de pobreza), o novo Governo está tomando medidas ousadas para restaurar a estabilidade macroeconômica e começar a lidar com os obstáculos de longa data ao crescimento", explicou Georgieva.

"Essas medidas iniciais evitaram uma crise de balanço de pagamentos, embora o caminho para a estabilização seja desafiador", acrescentou.

Prorrogação

O FMI também informou que concordou em prorrogar o acordo, aprovado em março de 2022 por um período de 30 meses, até 31 de dezembro de 2024 e "recalibrar os desembolsos planejados dentro da dotação de recursos do programa em vigor".

Também indicou que as metas do acordo foram modificadas "à luz dos ambiciosos planos adotados para colocar o programa de volta nos trilhos" e "restaurar a estabilidade macroeconômica".

"Medidas adicionais podem ser necessárias para garantir os objetivos do programa e restaurar a estabilidade em uma base duradoura", disse a chefe do FMI.

Com esse novo desembolso, o total de fundos, segundo o acordo com a Argentina, chega a aproximadamente 40,6 bilhões de dólares, revelou a organização internacional.

A aprovação da administração de Milei pelo FMI ocorre em um momento em que o Governo está enfrentando forte descontentamento entre a população argentina em relação a algumas de suas políticas. Em 24 de janeiro, houve uma greve nacional e marchas em todo o país em protesto contra essas medidas.

Atualmente, na Câmara dos Deputados do Congresso argentino, a 'Lei Ônibus', um dos projetos mais importantes de Milei, está sendo debatida em um ambiente tenso, pois modifica centenas de leis sobre questões políticas, sociais, laborais e econômicas.