Um órgão de monitoramento global sobre a fome, o IPC (Integrated Food Security Phase Classification), estima que 5,4 milhões de haitianos, representando quase metade da população do país, que soma mais de 11 milhões de habitantes, estão completamente sem comida e passaram pelo menos um dia sem se alimentar.
Segundo um novo relatório divulgado na segunda-feira pelo IPC, cerca de 6 mil haitianos enfrentam níveis catastróficos de fome, caracterizados pela quase total ausência de alimentos, mesmo após terem tentado diversas estratégias para lidar com a situação.
Há dez anos, apenas 2% da população haitiana vivia em condição de fome, enquanto atualmente 70% dos orçamentos familiares são utilizados na compra de alimentos.
O custo da cesta básica aumentou mais de 11% no último ano, com a inflação atingindo 30% em julho.
Conforme noticiado pela ABC News nesta terça-feira, a violência das gangues é a principal responsável pela crise alimentar, com as quadrilhas controlando 80% de Porto Príncipe e as principais rotas de acesso ao norte e ao sul do país, o que dificulta a entrega de produtos pelos agricultores e a prestação de assistência por organizações sem fins lucrativos.
Além disso, várias regiões do Haiti ainda estão se recuperando do terremoto de agosto de 2021, bem como de episódios de seca e do furacão Matthew, que devastou o país em 2016.