Suíça passa a apoiar o plano sino-brasileiro para a paz no conflito ucraniano

Nicolas Bideau, porta-voz chefe do Ministério das Relações Exteriores do país alpino, manifestou seu apoio à iniciativa em uma entrevista à agência Reuters.

A Suíça, que recentemente sediou uma "cúpula de paz" dominada pelo Ocidente, manifestou apoio ao plano sino-brasileiro para o conflito ucraniano.

Nicolas Bideau, porta-voz chefe do Ministério das Relações Exteriores do país alpino, compareceu, na condição de observador, à primeira reunião ministerial do grupo Amigos da Paz, convocada na sexta-feira pelo assessor brasileiro Celso Amorim e pelo chanceler chinês, Wang Yi, no contexto da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

O fórum de sexta-feira contou com a participação de representantes de 18 países - a maioria deles do Sul Global. Dois deles, Turquia e Hungria, são membros da OTAN.

As opiniões da Suíça sobre a plataforma sino-brasileira "mudaram significativamente" depois da reunião, escreve a agência Reuters, que conversou com Bideau. Ao veículo, o representante exaltou a decisão do grupo em ter introduzido menções à Carta da ONU:

"Para nós, isso se traduz em uma mudança significativa em nossa visão dessas iniciativas", disse Bideau, que manifestou o seu "apoio" à dinâmica. "Um esforço diplomático concreto organizado pelo grupo sino-brasileiro poderia ser de nosso interesse".

Reação do regime de Kiev

Representantes do regime ucraniano afirmaram estar desapontados com a decisão da Suíça, alegando que "quaisquer iniciativas que (...) não garantam a restauração total da integridade territorial da Ucrânia são inaceitáveis".

"Apenas cria-se a ilusão de diálogo, enquanto o agressor continua suas ações criminosas", argumentou o Ministério das Relações Exteriores do regime por meio de um comunicado. "Não conseguimos entender a lógica de tal decisão. Afinal de contas, nós, juntamente com a Confederação Suíça, organizamos a Primeira Cúpula Global da Paz nos dias 15 e 16 de junho em Bürgenstock".

O ministério reiterou considerar a "fórmula de paz" de Vladimir Zelensky - que, entre outras coisas, exige a retirada das tropas russas do território reivindicado pela Ucrânia - como o único caminho viável para a paz. Moscou tem rejeitado repetidamente a iniciativa por considerá-la fora da realidade.

A proposta sino-brasileira para a paz

No final de maio, no contexto da visita de Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula da Silva à Pequim, o Brasil e a China adotaram uma declaração conjunta traçando um caminho para o fim do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

O documento postula as negociações como a única solução viável para a crise ucraniana, e defende a realização de uma conferência internacional de paz "reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia". Esse ponto mostra-se especialmente relevante diante da exclusão da Rússia da primeira "cúpula de paz", que foi realizada na Suíça sem a presença de representantes de Moscou para satisfazer as exigências do regime ucraniano.

Ao longo do texto, Brasília e Pequim também conclamam para que todos os países envolvidos sigam os três princípios indicados para diminuir a escalada da situação: não expandir a área de hostilidades, não intensificar os combates e evitar provocações.