Na sexta-feira, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Celso Amorim, assessor especial da presidência brasileira para assuntos internacionais, e Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, convocaram a primeira reunião ministerial do grupo Amigos da Paz.
Trata-se, nas palavras do chanceler chinês, de uma plataforma dedicada a estabelecer um diálogo "objetivo e racional" para o conflito ucraniano.
O fórum de sexta-feira contou com a participação de representantes de 18 países - a maioria deles do Sul Global. Dois deles, Turquia e Hungria, são membros da OTAN.
Em um comunicado conjunto assinado pela China, Brasil e outros 11 participantes, o grupo pediu um "acordo abrangente e duradouro entre as partes do conflito por meio de diplomacia inclusiva e meios políticos baseados na Carta da ONU".
A declaração recomenda que tal acordo deve ser alcançado seguindo um plano de seis pontos publicado pela China e pelo Brasil no início deste ano e que tem como um de seus principais pontos o a criação de uma conferência internacional de paz na qual todas as propostas possam ser "discutidas de forma justa".
"Todos os membros dos 'Amigos da Paz' são países que amam a paz. Não somos os criadores da crise ucraniana, nem somos parte dela. Não temos nenhum interesse próprio ou considerações geopolíticas sobre a questão ucraniana. Nós nos reunimos aqui para expressar nosso apoio à paz e para sermos parceiros da paz entre a Rússia e a Ucrânia", disse Wang Yi.
Reação da Rússia
Neste sábado, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, reagiu ao estabelecimento da iniciativa em uma conferência de imprensa. Apesar de ter enfatizado que qualquer iniciativa para resolver o conflito ucraniano será 'bem-vinda", o chanceler destacou que os detalhes ainda precisam ser definidos:
"Discutimos seus planos em contato com meus colegas. Perguntei qual seria o conteúdo específico da iniciativa. Porque todas as palavras estão corretas nos seis pontos sino-brasileiros: apelos à paz, apelos à justiça, implementação do direito internacional. Ninguém contesta isso. Mas ninguém me disse ainda como, exatamente, eles planejam avançar em direção à paz. Eu sei que essa questão ainda está sendo considerada".
Reação dos EUA
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, condenou a China por declarar que busca a paz, enquanto supostamente permite que suas empresas vendam componentes de equipamentos militares para a Rússia. "Isso não faz sentido", disse.