Notícias

Lavrov: Qualquer iniciativa para resolver o conflito ucraniano será 'bem-vinda"

A 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas foi aberta em Nova York na terça-feira, continua até sábado e será concluída na próxima segunda-feira.
Lavrov: Qualquer iniciativa para resolver o conflito ucraniano será 'bem-vinda"Gettyimages.ru / David Dee Delgado

Neste sábado, durante uma coletiva de imprensa após seu discurso na 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, falou sobre o conflito ucraniano e a posição do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Lavrov disse que "será bem-vinda" qualquer iniciativa que leve ao resultado desejado", que é "eliminar as causas fundamentais da crise ucraniana".

Tais causas, prosseguiu, envolvem o fato de que, apesar das promessas feitas após o colapso da União Soviética, a OTAN continuou a se expandir e o Ocidente não cumpriu com a sua palavra, incluindo a de que nenhum país reivindicaria o domínio.

"No caso da crise ucraniana, o Ocidente não se lembra nem um pouco dos direitos humanos", prosseguiu o chanceler. "Na Ucrânia, a língua russa foi exterminada por lei, do jardim de infância à universidade. Toda os veículos em língua russa foram banidos ou fechados", lembrou ele.

O diplomata sênior enfatizou que a questão não é territorial, como [Vladimir] Zelensky alega. "Não estamos falando de territórios, estamos falando de pessoas que viveram ali por séculos, desenvolveram essas terras, construíram fábricas, estradas, navios e muito mais."

"Se o Sr. Trump conseguir revogar essas leis de que estamos falando, isso já será um passo à frente. Não poderia ser mais fácil fazer isso. Peguem e votem", disse ele.

Críticas ao Ocidente

Ao mesmo tempo, ele afirmou que os americanos querem "monopolizar os esforços de mediação" no Oriente Médio. "O que aconteceu ontem em Beirute é outro assassinato político", denunciou o ministro, referindo-se ao assassinato do líder máximo do movimento xiita libanês Hezbollah.

"Ouvi o presidente [Joe] Biden [dos EUA] dizer que foi a decisão certa. Isso significa que eles têm uma atitude pouco diferente em relação a como se comportar em conflitos e pelo que se guiar", observou ele.

Lembre-se de como a [ex-secretária de Estado dos EUA] Hillary Clinton, quando mostraram ao vivo o [líder líbio] Muammar Gaddafi ensanguentado, admirou e riu ao olhar para a tela. Ou [a ex-secretária de Estado] Madeleine Albright, que, ao comentar sobre os julgamentos iniciados pela agressão dos EUA contra o Iraque, disse: 'Bem, sim, 400.000 morreram, mas valeu a pena, a democracia valeu a pena'", disse Lavrov.

Da mesma forma, Washington busca monopolizar os processos no Indo-Pacífico e, ao lidar com os problemas regionais, comporta-se de maneira "desumana", reiterou a autoridade sênior. "Fazendo vista grossa para milhares e centenas de milhares de vítimas e continuando a avançar em direção ao objetivo principal: permanecer na posição de hegemonia", lamentou.

No mesmo contexto, Lavrov observou que Zelensky "está fazendo todo o possível para provocar a participação dos países da OTAN em hostilidades, em hostilidades diretas". "E então ele simplesmente vai se afastar e olhar para o que ele acha que o salvará", acrescentou.

Iniciativa sino-brasileira para a paz

Em outro segmento da coletiva, Lavrov qualificou como "grosseiras" as avaliações de Zelenski sobre o plano de paz sino-brasileiro para o conflito ucraniano.

Sobre a formação de um grupo de "Amigos da Paz", o Chanceler disse que os detalhes precisavam ser definidos. "Discutimos seus planos em contato com meus colegas. Perguntei qual seria o conteúdo específico da iniciativa. Porque todas as palavras estão corretas nos seis pontos sino-brasileiros: apelos à paz, apelos à justiça, implementação do direito internacional. Ninguém contesta isso. Mas ninguém me disse ainda exatamente como eles planejam avançar em direção à paz. Eu sei que essa questão ainda está sendo considerada".

A Rússia não aumentará seu arsenal de armas estratégicas ofensivas, pelo menos não enquanto o Tratado de Redução de Armas Estratégicas estiver em vigor, enfatizou Lavrov.

Lavrov também descreveu a colaboração da Ucrânia com terroristas no Mali e em outros países como um "fato comprovado".