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Putin: "O Ocidente não quer concorrência, pois não consegue lidar com ela"

A Semana da Energia da Rússia ocorre de 26 a 28 de setembro em Moscou com participação de 4.000 pessoas de mais de 50 países.
Putin: "O Ocidente não quer concorrência, pois não consegue lidar com ela"Sputnik / Kristina Kormilitsyna

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um discurso no 7º Fórum Internacional da Semana da Energia da Rússia nesta quinta-feira.

Putin destacou que, neste ano, mais de 4 mil participantes de mais de 50 países compareceram ao evento para discutir questões importantes da agenda energética. Putin também ressaltou que o fórum oferece uma excelente oportunidade para estabelecer novos contatos, firmar acordos de cooperação e trocar opiniões sobre o setor de energia.

O mandatário afirmou que um setor energético moderno é fundamental para o desenvolvimento global, algo que, segundo ele, é desconsiderado por aqueles que recorrem à imposição de sanções ilegais.

O Ocidente perde em uma disputa justa

"O Ocidente historicamente concentrou em suas mãos os principais instrumentos de apoio à infraestrutura do mercado global de energia", declarou o presidente russo, referindo-se à logística, ao sistema de pagamento e a outros mecanismos que compõem a plataforma global de energia.

Nesse contexto, Putin acrescentou que as elites ocidentais acreditavam ser capazes de impedir o acesso de países politicamente indesejáveis ao sistema, expulsando-os do mercado. Na prática, essas medidas são usadas principalmente como "instrumentos de concorrência injusta", opinou o presidente russo.

"A razão é clara: o Ocidente não quer concorrência, porque não consegue lidar com ela, muitas vezes perde em uma disputa justa e recorre à discriminação, apresentando-a sob o pretexto da chamada solidariedade euro-atlântica, da luta pelos direitos humanos e assim por diante. Há muitos pretextos", afirmou Putin.

Segundo o presidente, essa política ocidental apenas impulsionou o desenvolvimento de uma plataforma alternativa independente, cujo processo de formação segue com passo firme.

"Essa desaceleração será longa"

Putin reiterou que o mundo moderno entrou em um estágio de mudança fundamental e irreversível, com um novo modelo multipolar que impulsiona uma nova onda de crescimento global para este século. No entanto, ele indicou que o foco desse desenvolvimento não estará nas regiões da Europa e da América do Norte, mesmo que suas economias continuem em atividade.

"Essa desaceleração será longa. Mas, mesmo assim, o crescimento estará concentrado não na Europa e na América do Norte, que estão gradualmente perdendo suas posições na economia mundial, mas nos países do BRICS e naqueles Estados que querem se juntar à nossa parceria e veem a perspectiva de cooperação igualitária, levando em conta os interesses nacionais", ressaltou Putin.

Nesse contexto, ele destacou que o PIB total em paridade de poder de compra dos países membros do BRICS atualmente supera o índice do G7, uma "lacuna" que, segundo ele, "continua a aumentar". Putin acrescentou que os países do Sul Global serão líderes em termos de taxas de crescimento econômico. "Trata-se principalmente dos países do sul e do sudeste asiático, bem como da África", afirmou.

"Os BRICS [...] veem sua missão como agregar potenciais econômicos, criando um espaço de oportunidades para todos os interessados em uma cooperação harmoniosa e mutuamente benéfica", observou o presidente russo.

Rússia amplia cooperação energética

Putin também destacou que, apesar de uma série de "dificuldades objetivas", a Rússia continua sendo um importante participante do mercado de energia, tendo conseguido redirecionar o fornecimento de recursos energéticos. A esse respeito, ele destacou que a participação das exportações da região da Ásia-Pacífico costumava ser de cerca de 39%, mas ao final do ano passado havia aumentado em 1,5 vezes, ultrapassando os 60%.

"No geral, os países amigos são responsáveis por mais de 90% das exportações de energia da Rússia. Além disso, seu volume físico, com exceção do gás natural [...], praticamente permaneceu no nível de 2021. A Rússia está expandindo a geografia e a escala da cooperação energética", afirmou Putin.

Além disso, o presidente ressaltou que a Rússia está ampliando seu sistema de corredores de transporte internacional e anunciou que, até 2030, o volume de tráfego através desses corredores deverá crescer pelo menos 1,5 vezes em relação a 2021. Juntamente com os BRICS, a Rússia está criando um sistema independente de pagamento e liquidação para apoiar todo o comércio exterior, acrescentou o presidente.

"Queremos ir além e não limitar nossa cooperação apenas à venda de recursos. A Rússia está pronta para fortalecer a soberania tecnológica de seus parceiros no setor de energia, formando cadeias científicas e de produção completas", detalhou Putin, observando que é assim que se desenvolve a cooperação na área do uso pacífico da energia atômica.

  • O presidente deu as boas-vindas aos participantes e convidados do evento na segunda-feira, destacando que o tema principal do fórum – "a cooperação energética em um mundo multipolar" – é de alta relevância;
  • O fórum está ocorrendo de 26 a 28 de setembro na Sala Central de Exposições Manezh, no centro de Moscou. O objetivo principal do evento é apresentar as perspectivas do complexo russo de combustíveis e energia e desenvolver o potencial da cooperação internacional no setor;
  • Entre os participantes da Semana da Energia da Rússia 2024 estão chefes de Estado e de governo, representantes das principais empresas internacionais de energia, líderes do setor, especialistas mundiais e representantes da mídia.