Apesar do presidente Xi Jinping ter como objetivo formalizar a adesão do Brasil à Nova Rota da Seda durante sua viagem ao país latino-americano em novembro, o governo Lula parece ter outros planos.
Isso porque o presidente brasileiro foi aconselhado, por diplomatas do Itamaraty, a adiar o anúncio da vinculação até a definição do resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, segundo o jornal South China Morning Post.
"Diplomatas favoráveis a um atraso no anúncio da adesão (...) temem que a preferência de Lula por Harris, combinada com a entrada do Brasil na iniciativa chinesa, possa complicar as relações com um possível governo Trump em 2025", escreve o veículo. ''O objetivo é evitar a impressão de que o Brasil está se unindo à China em uma aliança contra os EUA".
Citando fontes, o SCMP afirma que o petista teria admitido sua preferência pela vitória do partido Democrata durante uma reunião com líderes da Câmara dos Deputados. "Se Deus quiser, Kamala ganha essa eleição", teria dito.
A despeito da hesitação, Lula estaria empolgado com a possibilidade de ingressar a Rota da Seda desde junho, quando Dilma Rousseff, presidente do Banco dos BRICS em Xangai, visitou Brasília para apresentar os benefícios da adesão. De acordo com o portal ICL Notícias, o presidente criou um grupo de trabalho para discutir o assunto, composto por ministros como Geraldo Alckmin e Simone Tebet e com reunião prevista para os próximos dias.
O que é a Rota da Seda?
A Nova Rota da Seda, também conhecida como 'Iniciativa do Cinturão e Rota', é um projeto de infraestrutura e investimento de proporções globais lançado pela China em 2013. Ele tem como objetivo aprimorar o comércio e o investimento do gigante asiático pelo mundo, e contempla a construção de uma rede de ferrovias, rodovias, portos marítimos e outros projetos de infraestrutura.
É notável o progresso proporcionado pela Rota da Seda em diversos países, sobretudo no continente africano, onde a infraestrutura e os investimentos têm transformado realidades locais e criado oportunidades para crescimento econômico e redução da pobreza.
Alguns críticos do projeto levantam suspeições relativas à soberania nacional, mencionando preocupações com uma potencial dependência econômica e temores relativos aos padrões de empréstimos.