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Agricultores alemães sofrem por conta de cereais ucranianos

Os agricultores da Alemanha são obrigados a vender trigo por quase nada, enquanto os cereais ucranianos invadem mercado interno do país sem passar por controles.
Agricultores alemães sofrem por conta de cereais ucranianosGettyimages.ru / picture alliance

O fluxo descontrolado de cereais baratos vindos da Ucrânia está prejudicando os agricultores alemães, informou a agência de notícias Bild. Os preços do trigo na Alemanha continuam caindo, e atualmente, uma tonelada custa cerca de 200 euros (aproximadamente 1.200 reais).

De acordo com Jobst Dismer, um agricultor da Baixa Saxônia citado pela Bild, um volume significativamente maior de trigo, que deveria ser exportado para outros países, está chegando à Alemanha devido às restrições ao transporte no Mar Negro.

"Mas nossas usinas e fábricas de ração estão se aproveitando disso. Aparentemente, com preços de dumping de menos de 160 euros (980 reais) por tonelada", afirmou Dismer à agência.

Frank Wullekopf, outro agricultor, acrescentou ao jornal que os produtores alemães estão tendo que "liquidar" seu trigo, que é cultivado conforme os mais altos padrões de produção, enquanto o trigo ucraniano é "bombeado" para o país. Ele ressaltou que os produtores ucranianos não são obrigados a comprovar o uso de pesticidas ou quantidades de fertilizantes. "Sem mencionar os perigos apresentados pela contaminação do trigo relacionada à guerra", alertou Wullekopf.

Exportações agrícolas da Ucrânia

O acordo oficial sobre a rota de exportações agrícolas ucranianas expirou em julho de 2023, quando Moscou se recusou a renovar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, inicialmente mediada pela Turquia e pela ONU. A Rússia justificou sua decisão alegando que os EUA e a União Europeia não cumpriram sua parte do acordo, bloqueando as exportações de alimentos e fertilizantes russos.

Após a escalada do conflito ucraniano, a União Europeia suspendeu todas as tarifas e cotas sobre os produtos agrícolas ucranianos, permitindo que os cereais fossem enviados para os mercados globais. No início deste ano, o modelo de comércio livre de tarifas foi prorrogado por mais um ano.