Durante a Cúpula do Futuro, realizada neste domingo, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade de reformas nos organismos multilaterais e a falta de representatividade do Sul Global nas decisões globais.
"O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico", afirmou Lula.
O mandatário alertou que os conflitos atuais e as mudanças climáticas expõem as "limitações das instâncias multilaterais", que "carecem de autoridade e recursos suficientes para implementar suas decisões".
"A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais. A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades".
Lula também chamou a atenção para a necessidade de um maior engajamento dos líderes mundiais em temas críticos, afirmando que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão se aproximando de um "fracasso coletivo".
"No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo", afirmou Lula.
O presidente criticou também a falta de financiamentos para mitigar os efeitos climáticos do aquecimento global. "Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro".
Em seu discurso, o mandatário excedeu o tempo estipulado de 5 minutos que resultou no corte de seu microfone durante sua fala. Apesar disso, Lula continuou e terminou seu discurso, embora o áudio não tenha sido transmitido.
A Cúpula para o Futuro é um evento paralelo à Assembleia Geral da ONU, e produziu um documento, o Pacto para o Futuro, que foi aprovado neste domingo. Ele foi negociado entre os estados-membros para reforçar a cooperação global e estabelecer compromissos para uma melhor adaptação aos desafios atuais.