A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deu início, nesta quarta-feira, aos seus maiores exercícios desde a Guerra Fria, ensaiando como as tropas dos EUA poderiam reforçar os aliados europeus nos países que fazem fronteira com a Rússia, caso ocorresse um conflito com um adversário "quase-imperial", informou a Reuters.
As manobras, batizadas de Steadfast Defender 2024, que se estenderão até 31 de maio, envolverão mais de 50 navios —de porta-aviões a destróieres— mais de 80 caças, helicópteros e drones, bem como pelo menos 1.100 veículos de combate, incluindo 133 tanques e 533 veículos de combate de infantaria. Além disso, cerca de 90.000 soldados dos 31 estados-membros da Aliança Atlântica, bem como da Suécia, participarão.
Embora o bloco militar não tenha mencionado o nome da Rússia nas descrições dos exercícios, seu principal documento estratégico identifica o país euro-asiático como "a ameaça mais significativa e direta à segurança dos Aliados". Da mesma forma, o comandante supremo das forças aliadas da OTAN na Europa e chefe do Comando Europeu dos EUA, Christopher Cavoli, disse que o Steadfast Defender 2024 ensaiaria uma resposta a um possível ataque russo.
Em um comunicado, a OTAN explicou que os exercícios "têm o duplo objetivo de refinar o planejamento de defesa e também agir como um impedimento contra possíveis agressões de adversários próximos", para os quais será usado "um cenário fictício". Trata-se de um "exercício de múltiplos domínios que incorpora operações terrestres, aéreas, marítimas, cibernéticas e espaciais", acrescentou.
"O Steadfast Defender 2024 demonstrará nossa capacidade de mobilizar rapidamente forças da América do Norte e de outras partes da Aliança para reforçar a defesa da Europa. Ele demonstrará que podemos conduzir e sustentar operações complexas de múltiplos domínios durante vários meses, ao longo de milhares de quilômetros, desde o extremo norte até a Europa Central e Oriental, e em todas as condições", alertou o bloco militar.
"Isso é uma ameaça para nós"
Por sua vez, o Governo russo disse que a Rússia percebe os exercícios em larga escala da Organização do Tratado do Atlântico Norte como uma ameaça à sua segurança.
"A aliança, de fato, foi concebida, formada, configurada e atualmente é administrada pelos Estados Unidos precisamente como um instrumento de confronto", comentou o secretário de imprensa da presidência russa, Dmitry Peskov. "Isso é uma ameaça para nós", acrescentou.