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Lula: Crime organizado é maior do que a Petrobras

Comparação buscava evidenciar a dimensão do crime organizado e a complexidade em combatê-lo.
Lula: Crime organizado é maior do que a PetrobrasGettyimages.ru / Carsten Koall / Stringer

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva designou o crime organizado como uma "grande indústria multinacional" enquanto falava sobre o tema durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (30/1):

O crime organizado não é uma coisa fácil de combater porque virou uma grande indústria multinacional. Maior do que a General Motors, maior do que a Volskwagen, maior do que a Petrobras. É uma coisa muito poderosa, que está na imprensa, política, judiciário, futebol, empresários.

Enquanto comentava sobre a complexidade no combate ao crime organizado, Lula criticou os EUA. "É uma coisa tão difícil que muitas vezes, um país rico como os EUA acha que o combate às drogas será resolvido colocando base militar na Amazônia ou na Colômbia. O problema não é de droga, mas de saber como é que um país rico vai cuidar de seus usuários", disse.

O presidente sugeriu então que o eixo principal de combate ao tráfico não é "a ralé dos drogados", as "pessoas pobres metidas no crack", mas "os grã-finos que usam drogas químicas". Disse que esses são os que "lidam com milhões" em mercadorias encaminhadas à "portos europeus e norte-americanos". 

Ainda durante a coletiva, Lula, em implícita menção à ideologia do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou políticos que repetem a ideia de que "bandido bom é bandido morto". O mandatário afirmou que o combate ao crime deve ter como ênfase os investimentos nos serviços de inteligência e no setor educativo.

O presidente admitiu, no entanto, que é desafiador conciliar seus objetivos de "humanizar o combate ao pequeno crime" e de, ao mesmo tempo, "jogar muito pesado" na repressão à criminalidade.

Durante a campanha presidencial em 2022, Lula, à época candidato, era visto com ceticismo por alguns eleitores que não acreditavam em sua abordagem "humanista" para o combate à criminalidade.

Muitos desses eleitores foram influenciados por um vídeo muito popular de 2019. "Eu não posso ver mais jovens de 14, 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia. Às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular", declarou o petista à época.