Assembleia da Venezuela acusa o Parlamento Europeu de reconhecer "governos fictícios"

A instituição aprovou um acordo que repudia o reconhecimento do órgão europeu do ex-candidato Edmundo González como "presidente eleito".

Na quarta-feira, a Assembleia Nacional da Venezuela aprovou por unanimidade um acordo em repúdio à "intromissão grosseira" nos assuntos venezuelanos por "alguns deputados fascistas" do Parlamento Europeu, que reconheceu o ex-candidato Edmundo González como o "presidente legítimo" do país sul-americano.

Durante a sessão, a deputada Blanca Eekhout apresentou o acordo e afirmou que "o fascismo pretende ignorar a vontade do povo venezuelano" ao apoiar o líder da Plataforma Unitária Democrática (PUD), um bloco de partidos do setor mais extremista da oposição venezuelana.

Também criticou a reedição do reconhecimento que o Parlamento Europeu fez em 2019 ao ex-deputado Juan Guaidó, após sua autoproclamação como "presidente encarregado".

"A Europa pretende reeditar a figura de Guaidó para roubar e gerar uma guerra civil na Venezuela", acrescentou.

O que diz o acordo?

O documento expressa "repúdio à resolução desastrosa do Parlamento Europeu" e descreve sua resolução como "grosseira e ingerente".

Também condena "a prática de reconhecer governos fictícios e ilusórios como um mecanismo perverso de pressão", que levou o bloco a "cometer graves violações do direito internacional, da soberania, da autodeterminação e da não interferência".

Por fim, os membros do Parlamento Europeu são instados a abandonar a estratégia de "mudança de regime".

A carta de Edmundo

A decisão do Parlamento Europeu ocorre um dia após o vazamento de uma carta confidencial assinada pelo ex-candidato da oposição, endereçada ao presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, na qual ele reconhecia a validação da reeleição de Nicolás Maduro pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e se comprometia a respeitar os poderes públicos constituídos.

Após a divulgação do documento, sua veracidade foi ratificada por Rodríguez, enquanto González afirmou que havia sido pressionado e coagido a assiná-lo e a abandonar o país em 7 de setembro.

Diante dessa versão, a mais alta autoridade parlamentar venezuelana instou-o a se retratar e deu-lhe um prazo de 24 horas, que já expirou. Se isso não acontecesse, Rodríguez garantiu que mostraria provas das comunicações com ele e com a vice-presidente Delcy Rodríguez.

"Esse homem foi coagido, mas não por mim", afirmou o deputado.