Pesquisadores brasileiros encontram microplásticos em cérebro humano pela primeira vez
Cientistas brasileiros encontraram microplásticos no tecido cerebral humano, segundo um novo estudo publicado na segunda-feira na revista JAMA, da Associação Médica Americana.
Pequenos pedaços de plástico medindo entre 0,0055 e 0,025 milímetros foram detectados anteriormente em vários tecidos humanos e na corrente sanguínea. Sua presença no cérebro, entretanto, até agora não tinha sido documentada, explica o artigo.
Uma equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo examinou os cérebros de 15 cadáveres de pessoas que haviam morado na cidade de São Paulo por mais de cinco anos.
Os cientistas se concentraram nos tecidos do bulbo olfatório, uma pequena parte do cérebro que processa o olfato. Foram detectados microplásticos nas amostras coletadas de oito dos 15 indivíduos testados.
Um total de 16 partículas e fibras de polímeros sintéticos foram identificadas. O estudo observa que 75% dos microplásticos, eram partículas, e o resto eram fibras, o que significa que a maior parte das partículas era composta de fragmentos de polímeros comumente produzidos para roupas e embalagens, como polipropileno e nylon.
Os dados da pesquisa apontam que a via olfatória é uma potencial porta de entrada para microplásticos no cérebro. "Este é o primeiro estudo a detectar e caracterizar microplásticos no cérebro humano, especificamente dentro dos bulbos olfativos", diz Amato Lourenço, um dos autores do estudo.
Lourenço ressalta ainda que, considerando os potenciais efeitos neurotóxicos dos microplásticos no cérebro e a contaminação ambiental generalizada por plásticos, os resultados deveriam gerar preocupação, especialmente diante do aumento da prevalência de doenças neurodegenerativas, como Parkinson.