Milhares protestam em Bruxelas contra cortes de empregos na Audi

As instalações da Audi em Bruxelas correm o risco de fechar em meio à forte concorrência da China e dos EUA.

Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Bruxelas na segunda-feira em apoio aos trabalhadores do setor automotivo que podem perder seus empregos se a montadora alemã Audi fechar suas instalações na capital belga.

Cerca de 5.500 pessoas se reuniram na estação de trem Bruxelas-Norte e marcharam em direção ao Parlamento Europeu, informou a AP na segunda-feira, citando a Polícia local. A maior parte dos 3.000 funcionários da Audi na cidade, 90% dos quais devem ser demitidos já no próximo ano, estavam liderando a manifestação, segundo noticiou a Bloomberg na segunda-feira.

O protesto ocorreu dois meses após a montadora alemã anunciar que a demanda por seu Q8 e-tron, montado em Bruxelas, havia diminuído drasticamente, e alertou que a fábrica local sofre com altos custos logísticos e de produção.

No início deste mês, o porta-voz da Audi Bruxelas, Peter D'Hoore, declarou que a fábrica pode não ser necessariamente fechada, já que a unidade pode ser usada para produzir peças para outras unidades da empresa.

Como informou a AP, boa parte dos funcionários da fábrica de Bruxelas estão envolvidos na produção de veículos eletrônicos, que está sendo ativamente promovida pela União Europeia como um setor inovador em meio à crescente concorrência de China e dos EUA.

O Grupo Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Alemanha e proprietário da Audi, encerrou no início deste mês seu programa de garantia de empregos domésticos e anunciou que planejava o fechamento de fábricas e realizar demissões em massa no país pela primeira vez na história da empresa.

Comentando sobre a medida, o CEO Oliver Blume explicou que os principais desafios enfrentados pelo setor automotivo da UE decorrem da pandemia de quatro anos atrás e da entrada de concorrentes asiáticos no mercado.

O setor automotivo da Alemanha vem enfrentando dificuldades nos últimos cinco anos devido às restrições orçamentárias impostas pelo país, que proíbem políticas de estímulo, bem como a recusa em importar energia russa barata.

A competitividade do Grupo Volkswagen e de outros fabricantes foi prejudicada pelos preços mais altos da energia desde que Berlim perdeu o acesso ao fornecimento de gás barato da Rússia.