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Lavrov: "Vemos o BRICS como o bastião, o protótipo de um mundo multipolar"

O bloco "é totalmente capaz de formar a agenda global, defendendo consistentemente os interesses da maioria mundial" sem pretender "de forma alguma criar um mecanismo para um novo ditado", afirmou o chanceler ruso.
Lavrov: "Vemos o BRICS como o bastião, o protótipo de um mundo multipolar"Legion-media.ru / Oleg Elkov

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou na quarta-feira que Moscou vê o bloco BRICS como o protótipo de um mundo multipolar. O chanceler russo discursou na primeira reunião dos 'sherpas' [representantes dos países do BRICS] no âmbito da presidência russa do grupo. Pela primeira vez em uma reunião desse formato participaram os representantes de cinco novos membros do BRICS: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.

"Percebemos o BRICS como o bastião, o protótipo de um mundo multipolar, para cuja criação - em nome de um futuro mais brilhante e harmonioso para nossos povos - todos nós tentamos contribuir", sublinhou Lavrov durante a reunião.

Ao dar as boas-vindas aos cinco novos membros, o ministro das Relações Exteriores da Rússia enfatizou que a adesão de novos estados ao BRICS "fortalece a associação estratégica e a posição internacional" do bloco, e indicou que muitos pedidos de adesão de outros países estão sendo recebidos. Lavrov prometeu dar importância especial a essa questão durante a presidência russa da organização internacional.

Princípios de respeito mútuo

O chanceler russo enfatizou que "as estatísticas falam por si: o PIB total dos países do BRICS já atingiu cerca de um terço dos valores mundiais correspondentes e excedeu os indicadores correspondentes do G7". Ele também afirmou que os países do BRICS representam 30% da área terrestre do mundo, 45% da população mundial, e têm volumes significativos da produção mundial de petróleo e outros recursos, além de exportar um quarto dos produtos a nível global.

"Acredito que, com um potencial tão rico, não podemos nos dar ao luxo de ser apenas um observador externo e ficar longe dos processos históricos, especialmente considerando as esperanças que os países do Sul e do Leste Global depositam no BRICS", assegurou. Nesse contexto, o ministro indicou que o bloco do BRICS "é plenamente capaz de formar a agenda global, defendendo consistentemente os interesses da maioria mundial, oferecendo sua visão dos contornos da futura ordem mundial com base no desenvolvimento objetivo dos eventos e não em esquemas artificialmente construídos, desenhados para travar o desenvolvimento da humanidade".

Com relação à ampliação do BRICS, o chefe da diplomacia russa enfatizou que "não se pretende, de forma alguma, criar um mecanismo para um novo ditado da maioria mundial". "Em todas as nossas ações e declarações, todos os nossos países [do bloco] sempre enfatizam que estamos abertos, a qualquer momento, a um diálogo honesto e igualitário", disse o ministro, acrescentando que será prestada atenção especial à entrada suave dos novos membros da organização em suas atividades diárias.

Além disso, Lavrov definiu o BRICS como "uma base organizacional a nível geral para o Sul e o Leste Global" e enfatizou que se realiza "não em uma base de blocos, mas nos princípios de respeito mútuo, escolha soberana do caminho do desenvolvimento e da garantia na prática do princípio fundamental da Carta da Nações Unidas: a igualdade soberana dos Estados".

Quanto à Ucrânia, os EUA e seus aliados estão tentando apresentar a fórmula de paz do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, como "a única opção" para encerrar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, sem considerar as iniciativas propostas por países do Sul Global, como Brasil, China e África do Sul. "Não há necessidade de iniciativas da parte deles. Não é necessário nada deles além de vir, sentar-se e ser contados aritmeticamente", disse Lavrov, que teve um impacto sobre a "total falta de respeito e total desconsideração" demonstrados pelo Ocidente "por qualquer opinião que não seja deles". "Isso é puro colonialismo, imperialismo", alertou Lavrov.