A Venezuela rejeitou nesta terça-feira "a chantagem e o ultimato grosseiros e indevidos emitidos pelo Governo dos Estados Unidos", que estabelecem um prazo para que as autoridades judiciais do país sul-americano adotem medidas consistentes com a interpretação de Washington dos Acordos de Barbados, assinados em outubro passado com a ala radical da oposição.
"Se eles derem o passo em falso de intensificar a agressão econômica contra a Venezuela, a pedido dos lacaios extremistas do país, a partir de 13 de fevereiro, os voos de repatriação de migrantes venezuelanos serão imediatamente revogados", diz parte da mensagem publicada no X pela vice-presidente Delcy Rodríguez, em resposta à ameaça de reimposição de sanções a partir de abril próximo, anunciada pelo porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Rodríguez ainda advertiu que, se a tentativa dos EUA for levada a cabo, o Governo de Nicolás Maduro adotará como contramedida submeter "à revisão qualquer mecanismo de cooperação existente", diante do que ela descreveu como uma "tentativa deliberada de atacar a indústria venezuelana de petróleo e gás".
Ultimato para "impor o golpe"
Posteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela publicou uma declaração repudiando "as mais recentes tentativas de chantaje e ingerência do Governo dos Estados Unidos da América", segundo documento publicado pelo ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, em sua conta no X.
O texto caracteriza essas ações como "um ultimato contra todo o povo venezuelano", que, por meio de "ameaças e coerção, busca impor um golpe de Estado, desrespeitar as instituições da República, aplicar novas medidas coercitivas, e desestabilizar a economia venezuelana e o bem-estar de seu povo".
"A Venezuela não cederá a nenhuma chantagem. Suas instituições continuarão a cumprir as leis e a constituição nacional, de acordo com o mandato recebido pelo povo venezuelano", afirma o texto, que também destaca que o país "tomará todas as medidas" para garantir "o curso de seu crescimento econômico e desenvolvimento social".
- O Governo dos EUA anunciou nesta terça-feira que retomará as sanções contra a Venezuela nos setores de petróleo e mineração a partir de 18 de abril, devido a supostas inconsistências que Caracas teria executado em relação às disposições do Acordo de Barbados com o setor radical da oposição.