Notícias

Lavrov sobre o avião com prisioneiros de guerra abatido: "Onde está a investigação internacional?

A aeronave militar russa estava transportando 65 militares ucranianos que seriam trocados quando foi abatida pelas forças de Kiev na quarta-feira.
Lavrov sobre o avião com prisioneiros de guerra abatido: "Onde está a investigação internacional?Sputnik / Comitê Investigativo da Rússia

O presidente ucraniano Vladimir Zelensky pediu uma investigação internacional sobre a queda de um avião militar russo que transportava prisioneiros de guerra ucranianos em 24 de janeiro, mas seus apoiadores ocidentais não reagiram porque tal ação não é de seu interesse, denunciou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

Em 24 de janeiro, um Il-76 com 65 prisioneiros de guerra ucranianos a bordo caiu após um ataque com mísseis na província russa de Belgorod. Embora a mídia ucraniana tenha inicialmente comemorado a destruição de um alvo militar russo, as autoridades de Kiev reconheceram mais tarde a morte dos prisioneiros, que seriam trocados naquele dia.

"O presidente [ucraniano] Zelensky pediu uma investigação internacional, e onde está a investigação internacional agora? Estamos investigando os fatos, mas não estamos fechados para aqueles que querem saber a verdade [...] Onde estão os seus senhores [de Zelensky]? Eles reagiram de alguma forma ao seu pedido? Sabe porquê? Porque eles não gostam nem um pouco de investigações internacionais", disse Lavrov durante uma mesa redonda com embaixadores.

Nesse contexto, ele lembrou o progresso limitado na investigação internacional sobre os ataques ao gasoduto Nord Stream em setembro de 2022; a negação de acesso a evidências no caso do envenenamento de um agente duplo russo e sua filha na cidade britânica de Salisbury em 2018, pelo qual Londres culpou Moscou, bem como a investigação sobre o suposto envenenamento da figura da oposição russa Alexei Navalny em 2020, cujos materiais também estão fora do alcance dos representantes russos.

"Infligindo uma derrota estratégica"

Em sua ânsia de forçar uma derrota estratégica de Moscou, os EUA criaram uma coalizão de dezenas de países que fornecem armas e assistência a Kiev, disse Lavrov.

"Hoje, os EUA uniram 54 países em um lado que bombeia armas para a Ucrânia, que fornece à Ucrânia vários especialistas militares, peritos, ajuda na mira de alvos de longo alcance, incluindo armas", disse ele.

De acordo com o ministro, essa coalizão antirrussa fornece ajuda a Kiev "apenas para garantir que a Rússia não vença".

"A mentalidade é a seguinte: tudo relacionado à Ucrânia deve ser usado para infligir, como eles dizem, uma derrota estratégica à Rússia", disse ele.

Métodos antigos

Lavrov comparou essa abordagem com as guerras napoleônicas, "quando toda a Europa se uniu sob as bandeiras de Napoleão" para atacar a Rússia, e com a Segunda Guerra Mundial, "quando Hitler subordinou praticamente todos os países europeus ao seu objetivo de invadir a União Soviética".

O chefe da diplomacia russa citou o comissário do Terceiro Reich para a Ucrânia, Erich Koch, que em 1942 explicou como os ucranianos deveriam ser tratados. Em particular, ele explicou que, para os nazistas, a Ucrânia era apenas um "objeto de exploração" que deveria "pagar pela guerra", enquanto a população deveria ser "usada como pessoas de segunda categoria para resolver tarefas militares, mesmo que fossem apanhadas em um laço".

"Isso não lhe lembra nada? É com a ajuda de forcas - figurativa e literalmente - que homens ucranianos de praticamente qualquer idade estão sendo capturados e enviados como bucha de canhão para a frente de batalha com o único propósito já delineado pelo comissário do Reich Erich Koch", enfatizou o chanceler russo.

"Fracasso do projeto ucraniano"

O Ocidente entende que o fracasso do projeto ucraniano já começou, mas não pode parar de ajudar o regime de Kiev, declarou Lavrov.

"Os números que estão sendo enterrados na Ucrânia falam por si mesmos, o quanto é importante para o Ocidente não permitir o fracasso de seu projeto ucraniano. E eles percebem que esse fracasso já começou. No entanto, eles não podem parar. E não apenas por razões de prestígio, que eles acreditam ter colocado em jogo e não podem perder. Mas também do ponto de vista do lucro econômico", enfatizou.

Desvio de armas

O ministro também chamou a atenção para o desvio de algumas das armas fornecidas à Ucrânia para outros pontos de tensão global, onde caem nas mãos de extremistas.

"Outro aspecto que o Ocidente não está muito interessado em perceber é a disseminação de armas que estão sendo fornecidas à Ucrânia para vários pontos de tensão, onde são usadas, entre outros, por extremistas e terroristas", disse o principal diplomata russo.

Em particular, ele ressaltou que não apenas as armas fornecidas pelo Ocidente ao regime ucraniano foram encontradas em zonas de conflito no Oriente Médio, como na Faixa de Gaza, mas envios ilegais já foram registradas na Finlândia, Suécia, Dinamarca e Países Baixos.