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FT: Traficantes latino-americanos usam bandeira polonesa para exportar drogas pelo Atlântico

Desde 2021, foram apreendidos 18 toneladas de cannabis, 13,5 toneladas de cocaína e 56 quilos de MDMA (ecstasy) em 19 navios que utilizavam a bandeira da Polônia.
FT: Traficantes latino-americanos usam bandeira polonesa para exportar drogas pelo AtlânticoGettyimages.ru / NurPhoto

Traficantes da América Latina estão utilizando embarcações com bandeiras polonesas para exportar cocaína e outras drogas para Europa através do oceano Atlântico, aproveitando-se de uma brecha jurídica que concede às embarcações polonesas "imunidade de fato" contra prisão em águas internacionais, informou o Financial Times, citando fontes com conhecimento do assunto.

De acordo com a publicação, a ONU há muito tempo se preocupa com embarcações que não têm relação com a propriedade real de navio, as chamadas "bandeiras de conveniência", que podem ajudar os contrabandistas a evitar o escrutínio em alto mar.

A bandeira da Polônia tornou-se recentemente popular entre criminosos, que estão se aproveitando da fuga dos proprietários de barcos britânicos e de outros países para usar o sistema de registro barato da Polônia para pequenos iates à vela e outros navios menores de 24 m de comprimento, segundo as autoridades marítimas.

"Quando outros países veem um navio de bandeira polonesa suspeito de estar envolvido em tráfico de drogas, eles basicamente não têm ninguém para autorizá-los a abordá-lo", explicou Julien Garsany, representante em Bruxelas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) ao Financial Times.

Razões de popularidade

"Até o momento, o número de registros de barcos aumentou de cerca de 2.000 para quase 77.000, com mais de um terço dos proprietários fornecendo um endereço residencial fora da Polônia. Da mesma forma, o número de embarcações com bandeira polonesa suspeitas de transportar drogas também aumentou significativamente: em 2021, 12 embarcações foram monitoradas, enquanto em 2023 foram 47, relata a mídia com base no Centro de Análise e Operações Marítimas Conjuntas.

"Se você é um traficante, você quer navegar com o mínimo possível de obstáculos, e uma bandeira de um Estado membro da UE normalmente não atrai muita atenção, especialmente no Atlântico", explicou Garsany.

Além disso, vários sites na Polônia que oferecem serviços de registro para embarcações com a bandeira polonesa também possibilitam o registro dessas embarcações em nome de empresas sediadas no Reino Unido ou em Delaware (EUA), o que permite que os proprietários ocultem sua verdadeira identidade.

Ainda, como uma recente mudança na lei de drogas da Polônia não entrou em vigor, acredita-se que traficantes estejam explorando o fato de o país não aplicar corretamente normas internacionais que permitiriam a outras nações interceptar embarcações polonesas em alto-mar, o que poderia facilitar a fuga dos criminosos enquanto evitarem águas territoriais.

Polônia ignora o problema 

Desde 2021, foram confiscadas cerca de 18 toneladas de cannabis, 13,5 toneladas de cocaína e 56 quilos de MDMA (ecstasy) em 19 embarcações de bandeira polonesa. O Ministério da Infraestrutura da Polônia, por sua vez, afirmou que, apesar de estar ciente dos casos, "considerando o número total de embarcações registradas, a escala não é significativa".