
Cenipa divulga relatório preliminar sobre acidente da Voepass

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) divulgou na sexta-feira o relatório preliminar sobre o acidente do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, matando 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) em 9 de agosto de 2024
Este relatório é preliminar, e a data de lançamento do documento final ainda não foi definida.
Segundo o documento, os pilotos relataram ter notado uma quantidade excessiva de gelo nas asas durante o voo. No entanto, apesar dessa constatação, não houve registro de chamados de emergência para os operadores externos, e a aeronave continuou sua jornada sem interrupções. O piloto perdeu o controle da aeronave enquanto fazia a curva para a aproximação ao aeroporto. O documento não menciona se houve falhas no sistema de degelo. A manutenção da aeronave estava atualizada e pronta para operar em condições de voo rigorosas.

Segundo o CENIPA, órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), as comunicações entre o piloto e o controlador de voo nos momentos que antecederam a queda não mostraram sinais de anormalidade. Durante duas interações entre o piloto e o copiloto, houve menções à condição das asas do avião, com o copiloto afirmando que havia "muito gelo".
O relatório também indica que o equipamento responsável por remover o gelo da aeronave foi ativado e desativado em diversas ocasiões durante o voo. Ainda não é possível determinar se os pilotos eram os responsáveis por desligá-lo ou se isso ocorria automaticamente. O Cenipa não divulgou os áudios das caixas pretas aos jornalistas que assistiram à apresentação do relatório.
Investigação da Polícia Federal
Simultaneamente à apuração do Cenipa, a Polícia Federal (PF) também está investigando as causas do acidente por meio da análise dos dados dos componentes e das caixas-pretas da aeronave.
A investigação é realizada em parceria entre os dois órgãos. Ao contrário do Cenipa, que busca entender as causas para recomendar melhorias e evitar novos acidentes, a investigação da polícia se concentra em investigar se há indivíduos que possam ser responsabilizados criminalmente pela tragédia.
Nesse contexto, a PF irá elaborar, em conjunto com o relatório final do Cenipa, um Laudo de Sinistro Aeronáutico. Para sua elaboração, peritos criminais do Instituto Nacional de Criminalística irão supervisionar todos os exames, testes e análises realizados pelo Cenipa, incluindo a avaliação dos destroços, do motor, das caixas-pretas e outros elementos.
De acordo com a corporação, esse documento é crucial, pois fornece detalhes técnicos e científicos sobre o acidente aéreo, que, ao serem confrontados com depoimentos de testemunhas, podem indicar se ações individuais contribuíram para o evento
Voepass se pronuncia
Após a divulgação do relatório do Cenipa, a Voepass se pronunciu em comunicado, e declarou que o documento concluiu que a aeronave estava com a documentação regular e que a tripulação estava qualificada para operar o voo. A empresa acrescentou que "apenas o relatório final do CENIPA poderá identificar, de maneira conclusiva, as causas do acidente."