O CEO do Telegram, Pavel Durov, comentou pela primeira vez na quinta-feira sobre sua prisão em Paris pelas autoridades francesas há duas semanas.
"No mês passado, fui entrevistado pela polícia por quatro dias depois de chegar a Paris. Disseram-me que eu poderia ser pessoalmente responsável pelo uso ilegal do Telegram por outras pessoas, porque as autoridades francesas não receberam respostas do Telegram", escreveu Durov em seu canal na rede social.
Detenção "surpreendente"
O empresário de origem russa descreveu sua detenção pelas autoridades francesas como "surpreendente" por três motivos. Em primeiro lugar, ele disse que "o Telegram tem um representante oficial na UE que aceita e responde a solicitações" de países da União e poderia ter esclarecido quaisquer questões com o governo francês. Em segundo lugar, Durov enfatizou que as autoridades francesas "tinham várias maneiras" de contatá-lo pessoalmente, já que ele era um visitante frequente do consulado francês em Dubai. "Há algum tempo, quando me pediram, eu os ajudei pessoalmente a criar uma linha direta com o Telegram para lidar com a ameaça do terrorismo na França", disse ele.
O terceiro motivo apresentado pelo empresário foi que, "se um país está insatisfeito com um serviço de Internet, a prática estabelecida é tomar medidas legais contra o próprio serviço". "Utilizar leis da era pré-smartphone para acusar um CEO de crimes cometidos por terceiros na plataforma que ele gerencia é um enfoque errado", manifestou.
"Não fazemos isso por dinheiro"
O cofundador do Telegram argumentou que "encontrar o equilíbrio adequado entre privacidade e segurança não é fácil", mas garantiu que sua empresa está trabalhando com reguladores em diferentes países para encontrar o "equilíbrio adequado". "Estamos dispostos a abandonar os mercados que não são compatíveis com nossos princípios, porque não fazemos isso por dinheiro. Somos movidos pela intenção de fazer o bem e de defender os direitos básicos das pessoas, especialmente em lugares onde esses direitos são violados", disse ele.
Segundo Durov, o Telegram não é perfeito, mas "as alegações em alguns meios de comunicação de que o Telegram é algum tipo de paraíso anárquico são absolutamente falsas". Nesse contexto, o empresário disse que milhões de mensagens e canais prejudiciais são excluídos no Telegram todos os dias, o que se reflete nos relatórios da empresa.
Além disso, Durov explicou que o "aumento abrupto" no número de usuários do Telegram para 950 milhões tornou mais fácil para os criminosos abusarem da plataforma, e prometeu que a empresa logo introduziria mudanças para melhorar sua segurança. "Espero que os eventos de agosto resultem em tornar o Telegram - e o setor de redes sociais como um todo - mais seguro e mais forte", destacou. Ao mesmo tempo, o empresário agradeceu a todos por "seu apoio e carinho", e pelos memes que inundaram as redes sociais após sua detenção.
Detenção e libertação
Durov foi detido em 24 de agosto após descer de seu avião particular na pista do aeroporto Paris-Le Bourget, onde chegou do Azerbaijão. Ele era alvo de um mandado de busca emitido pelas autoridades francesas, que o acusaram de várias acusações ligadas a "conspiração criminosa", "lavagem de crimes", além de permitir transações ilícitas a uma quadrilha organizada, crimes ligados a criptografia, fraude, pornografia, entre outros.
Sua detenção temporária terminou na última quarta-feira, quando ele foi acusado e colocado sob supervisão judicial, com a condição de pagar uma fiança de cinco milhões de euros e a proibição de deixar a França.