Tribunal de Hong Kong ordena liquidação da gigante do setor imobiliário Evergrande
O Tribunal Superior de Hong Kong (China) ordenou a liquidação do Evergrande Group em um momento em que a incorporadora imobiliária mais endividada do mundo está em um "beco sem saída", informou a mídia local na segunda-feira.
Em sua decisão, a juíza Linda Chan observou que "a audiência já dura um ano e meio e a empresa ainda não foi capaz de apresentar uma proposta de reestruturação concreta" para limpar seu passivo de 328 bilhões de dólares. "Acho que chegou a hora de o tribunal dizer basta", acrescentou.
Os liquidantes provisórios agora assumirão a administração da Evergrande e conduzirão seus negócios, inclusive negociando a reestruturação da dívida com os credores e assumindo o controle de seus ativos, livros e registros, de acordo com os procedimentos de liquidação de Hong Kong.
No entanto, a ordem judicial enfrenta desafios interjurisdicionais, já que a maioria dos ativos da empresa está localizada na China continental. De acordo com seu relatório anual de 2022, a Evergrande tem mais de 1.200 projetos em vários estágios de progresso, desde quase concluídos até em construção.
A decisão do tribunal põe fim às repetidas prorrogações da empresa sediada em Shenzhen, que havia persuadido repetidamente as autoridades a lhe conceder mais tempo para pagar sua dívida, obtendo uma nova prorrogação em 4 de dezembro.
A ação foi movida em junho de 2022 pela Top Shine Global, em uma tentativa de recuperar cerca de 110.4 milhões de dólares de um investimento na Evergrande feito em março de 2021.
De acordo com a Bloomberg, a falência da Evergrande é, de longe, a maior de uma crise que pesou sobre o crescimento econômico da China e desencadeou uma onda recorde de inadimplência por parte das incorporadoras imobiliárias.
Observa-se também que os procedimentos de insolvência de Hong Kong têm reconhecimento limitado na China continental, cujos tribunais também podem nomear administradores em suas próprias jurisdições, deixando em aberto a questão das reivindicações disponíveis para os detentores de 17 bilhões de dólares em títulos da Evergrande cobertos pelo plano de reestruturação proposto.
A maioria dos títulos em dólares da empresa chinesa estava sendo negociada a cerca de 1,5 centavos de dólar na última sexta-feira, indicando que os investidores têm pouca expectativa de reembolso, de acordo com dados compilados pela agência norte-americana.