Argentina propõe que os países do Mercosul possam negociar com outros mercados "de forma individual"

A chanceler da Argentina manifestou a iniciativa durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores do Mercosul realizada em Montevidéu, Uruguai.

O governo de Javier Milei expressou oficialmente na segunda-feira seu apoio à abertura do Mercado Comum do Sul (Mercosul) ao intercâmbio comercial com outros países ou blocos, por meio de negociações iniciadas de forma "individual ou plurilateral".

A chanceler da Argentina, Diana Mondino, manifestou a iniciativa durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores do Mercosul realizada em Montevidéu, Uruguai. 

A Argentina tem insistido em abrir o bloco regional sul-americano a outras nações ou organizações globais sem o apoio do restante dos países membros, contrariando os tratados do Mercosul.   

"O Mercosul não conseguiu, nos últimos anos, tornar-se um instrumento de acesso a grandes mercados externos, somado a uma Tarifa Externa Comum alta para os padrões internacionais. A Argentina propõe que os membros do bloco dispostos a abrir novos mercados possam iniciar negociações de forma individual ou plurilateral", afirmou Mondino durante a cúpula dos chanceleres. 

Além disso, acrescentou: "Elaboramos uma proposta para a aplicação sequencial de modalidades de negociação diferentes e mais flexíveis com terceiros países ou grupos de países".

"Nossa intenção é que, se durante um período de tempo (duas reuniões do Grupo do Mercado Comum) não se chegar a um entendimento para negociar conjuntamente, as negociações possam começar sob essa terceira modalidade, e os Acordos que forem assinados estarão abertos à adesão dos outros Estados Partes", manifestou a ministra argentina.

Impulso para a abertura comercial

Em julho de 2022, o Uruguai anunciou avanços nas negociações com a China para um acordo de livre comércio (ALC), apesar de outros membros do bloco terem se manifestado contra o estabelecimento de acordos de forma unilateral. 

Na época, o governo argentino, liderado pelo então presidente Alberto Fernández, foi um dos que rejeitaram a iniciativa que o Uruguai compartilhava com o Brasil, durante a gestão de Jair Bolsonaro. 

O desejo das autoridades uruguaias continua sendo válido. De fato, em agosto deste ano, o governo de Luis Lacalle Pou indicou que o acordo com Pequim está mais próximo de se tornar realidade. 

Em sua carta de fundação, o bloco regional do Mercosul estabelece que os acordos comerciais de qualquer um de seus membros devem ser informados e aceitos pelo restante dos países membros.