Vencedores da eleição francesa articulam pelo impeachment de Macron

O LFI argumenta que a democracia deve ser protegida das “tendências autoritárias do presidente”

O partido francês La France Insoumise (LFI), de esquerda, divulgou uma moção e está reunindo assinaturas para destituir o presidente Emmanuel Macron do cargo após ele ter se recusado a nomear a candidata da coalizão como primeira-ministra.

O LFI faz parte da aliança da Nova Frente Popular (NFP), juntamente com os socialistas, comunistas e verdes, que saiu vencedora das eleições parlamentares convocadas por Macron no início deste ano. No entanto, a coalizão não conseguiu uma maioria absoluta, forçando Macron a entrar em negociações para nomear um novo primeiro-ministro e formar um governo. Na segunda-feira, o líder francêsrejeitou a candidata do NFP, Lucie Castets, para o cargo, argumentando que um governo de esquerda ameaçaria a "estabilidade institucional".

"O projeto de resolução para iniciar o procedimento de impeachment do Presidente da República, de acordo com o Artigo 68 da Constituição, foi enviado hoje aos parlamentares para coassinaturas", escreveu neste sábado a líder parlamentar do LFI, Mathilde Panot, na rede social X.

Para iniciar o processo de impeachment, o grupo LFI, que tem 72 dos 577 assentos da Assembleia Nacional, deve coletar assinaturas de pelo menos um décimo dos membros do parlamento em sua moção. O artigo 68 da Constituição Francesa estipula que a ação poderia ser implementada na eventualidade "de uma violação de dever manifestamente incompatível com o exercício do mandato".

"Macron se recusa a se submeter ao voto do povo, portanto, devemos destituí-lo", explicou Panot, compartilhando a minuta da resolução, na qual lê-se que "a Assembleia Nacional (câmara baixa) e o Senado podem e devem defender a democracia contra as tendências autoritárias do presidente".

Os legisladores argumentaram que não cabe ao presidente "fazer negociatas políticas", em menção à luta de Macron para encontrar um novo primeiro-ministro desde que aceitou a renúncia de Gabriel Attal no mês passado.