Durante sua intervenção na XI Cúpula Extraordinária ALBA-TCP, realizada virtualmente nesta segunda-feira, o presidente nicaraguense Daniel Ortega proferiu duras críticas aos seus homólogos da Colômbia, Gustavo Petro, e do Brasil, Lula da Silva.
“Se você quer que eu o respeite, me respeite, Lula. Se você quer ser respeitado pelo povo bolivariano, respeite a vitória do presidente Nicolás Maduro e não fique aí enrolando", disse o mandatário.
Segundo Ortega, ao não reconhecer a vitória de Maduro, declarado vencedor das eleições presidenciais pela autoridade eleitoral venezuelana, o petista estaria se comportando de uma forma "vergonhosa", "repetindo os slogans dos ianques, europeus e dos governos rebaixados latino-americanos".
Já o "pobre [Gustavo] Petro", que lidera um país desprovido da "força que tem o Brasil, um gigante da América Latina", estaria tentando competir com Lula para representar os interesses de Washington nesta região do continente.
Em outro momento de sua fala, o presidente estabeleceu um panorama histórico da influência dos EUA na América Latina ao relembrar a experiência hondurenha. Ele observou que Wahington exigiu que o ex-presidente Manuel Zelaya (2006-2009) deixasse o poder.
“Zelaya fez uma revolução, não apenas no campo da educação, mas também no sentido de trazer bem-estar, progresso para o povo, um certo desenvolvimento para o país, e fez contato com outras nações, tentando construir o canal através da Nicarágua. (...) Mas a Doutrina Monroe não permitia que esses países fizessem acordos com outros países, porque (...) eles [os EUA] se sentiam donos desses territórios”
"Zelaya era um homem que não estava preparado para enfrentar o desafio de uma guerra como essa, e preferiu se retirar", explicou Ortega, destacando que o ex-mandatário recebeu, do secretário de estado dos EUA, um comunicado com um prazo para se retirar do cargo. ''Eles estavam preparando os navios com tropas americanas para ir à Nicarágua e ocupar a Nicarágua se ele não tivesse deixado a presidência", acrescentou.
As declarações aprofundam a crise diplomática entre Brasília e Manágua. Na últimas semanas, os governos de ambos os países expulsaram os representantes diplomáticos de seus territórios depois de um desentendimento iniciado pela recusa do diplomata brasileiro Breno Dias da Costa em comparecer ao aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista.