Lula diz que não pode reconhecer vitória de Maduro ou da oposição venezuelana por falta de "dados"
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse em uma entrevista concedida à Rádio T, em Curitiba, divulgada nesta quinta-feira, que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela, e nem uma alegada vitória da oposição por falta de "dados". O chefe do Estado também mencionou pela primeira vez em público a possibilidade de novas eleições no país vizinho, se Maduro, de acordo com ele, tiver "bom senso" para sair da crise política interna.
Ao falar sobre o assunto, o petista alegou que até agora "ninguém diz quem ganhou" as eleições, pedindo uma divulgação de "dados" eleitorais do país. "Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo", declarou.
Lula acrescentou ainda que há várias saídas para a crise política do país vizinho. Uma delas, segundo o petista, seria um governo de coalizão entre os opositores e o chavismo. Outra seria a convocação de uma nova eleição.
"Se Maduro tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições", declarou.
Segundo o assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, o papel do Brasil é encontrar uma solução pacífica, sem estabelecimento de ultimatos, que não são "produtivos". Ao comentar sobre a situação estabelecida no país, Amorim afirmou que tem a "impressão de que a questão da violência ocorre como uma forma de ameaça (não está claro se se refere à oposição ou ao governo) para tornar a situação mais difícil".
Os resultados oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela confirmaram a vitória de Nicolás Maduro, com 51,95% dos votos, para um terceiro mandato em 2025 - 2031.