Em nossa época de rápida inovação tecnológica, a demanda dos aparelhos mais recentes está aumentando insaciavelmente, e a África é classificada como o mercado de telefones que mais cresce no mundo, depois da Ásia.
Todos os anos, milhões de toneladas de lixo eletrônico (e-waste) são geradas à medida que os consumidores fazem a atualização para os modelos mais novos, muitas vezes descartando dispositivos que ainda funcionam. Grande parte desse lixo eletrônico, incluindo tudo, de smartphones a geladeiras, chega à África, criando uma crescente crise ambiental e de saúde.
O lixo eletrônico abrange um amplo espectro de produtos elétricos e eletrônicos valiosos que incorporam metais não preciosos, como ferro, cobre e alumínio; metais preciosos, como ouro, prata e platina; e plásticos e substâncias perigosas, como chumbo, vidro, mercúrio, baterias, retardadores de chama e cádmio, entre outros. Em 2019, cerca de 53,6 milhões de toneladas (Mt) de lixo eletrônico foram geradas no mundo, com a Ásia ocupando a posição mais alta, com 24,9 Mt, seguida pela América, com 13,1 Mt, e pela Europa, com 12 Mt. Na África, uma média de 2,5 kg de lixo eletrônico per capita e um total de 2,9 Mt de lixo eletrônico foram gerados em 2019, enquanto uma estimativa de 3 Mt de lixo eletrônico foi gerada no continente em 2021.
O manuseio do lixo eletrônico nos países africanos geralmente se limita a meios de processamento rudimentares em quintais, como, por exemplo, esmagar ou quebrar invólucros, remoção manual para retirar placas eletrônicas para revenda e queima para extrair materiais e outros componentes a granel. Esse método de gerenciamento de resíduos tem um impacto devastador sobre a saúde e o meio ambiente.
Influxo de lixo eletrônico na África
Segundo foi estimado, de 16 a 38% dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (WEEE, na sigla em inglês) coletados na UE e 80% nos EUA são enviados "legal e/ou ilegalmente" para países em desenvolvimento na forma de dispositivos reutilizados ou descartados. A crise do lixo eletrônico na África é uma manifestação clara do colonialismo dos resíduos. Instalações inadequadas de gerenciamento de resíduos e recursos de reciclagem representam graves ameaças à saúde da comunidade e ao meio ambiente. Os materiais perigosos do lixo eletrônico, como chumbo, mercúrio e cádmio, quando descartados de forma inadequada, poluem o solo e a água.
De acordo com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa, das 5,1 milhões de toneladas de lixo eletrônico enviadas através das fronteiras em 2022, 3,3 milhões de toneladas foram enviadas de países desenvolvidos para países em desenvolvimento.
As nações ocidentais exportam itens eletrônicos usados sob o pretexto de doações ou "bens de segunda mão". No entanto, muitos desses itens não são funcionais, o que leva a um enorme depósito de lixo eletrônico em países africanos como Gana, Nigéria e Quênia. Esses países recebem contêineres cheios de dispositivos eletrônicos, como telefones, utensílios de cozinha e até automóveis.
Geralmente são as crianças que estão frequentemente envolvidas na coleta de lixo e desmontam os itens para retirar seus fragmentos perigosos. Um relatório conjunto da União Internacional de Telecomunicações (ITU,na sigla em inglês) da ONU e de seu departamento de pesquisa, a UNITAR (na sigla em inglês), afirmou que apenas 20% do lixo eletrônico é reciclado adequadamente.