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Mais de 100 mortos e acusações de genocídio: condenação internacional de Israel após atentado a bomba em escola

Embora Tel Aviv insista que o ataque foi direcionado exclusivamente a militantes palestinos, a comunidade internacional condenou as repetidas ações militares do país judeu contra áreas com grandes populações civis.
Mais de 100 mortos e acusações de genocídio: condenação internacional de Israel após atentado a bomba em escolaFDI

As autoridades israelenses enfrentaram uma onda de críticas e acusações de "genocídio" após realizarem um ataque brutal à escola Al-Tabai'een, no centro da Cidade de Gaza, neste sábado, matando mais de 100 pessoas e ferindo outras dezenas.

A escola estava localizada ao lado da mesquita Daraj Tuffah, que serve de abrigo para os moradores da cidade. O ataque coincidiu com o horário das orações matinais. De acordo com as primeiras informações, a maioria das vítimas são crianças.

"É um massacre"

O Gabinete de Mídia do Governo de Gaza emitiu uma declaração chamando o ataque de "massacre". "Isso claramente se enquadra no crime de genocídio e limpeza étnica contra nosso povo palestino", declarou a agência, observando que, devido ao grande número de vítimas, ainda não foi possível recuperar todos os corpos.

"Condenamos veementemente a perpetração desse horrível massacre pela ocupação e conclamamos o mundo inteiro a condená-lo. Consideramos a ocupação israelense e o Governo dos EUA totalmente responsáveis por esse massacre", afirmou o escritório.

Israel confirma 19 'terroristas' mortos

As Forças de Defesa de Israel (FDI), por sua vez, alegaram que a mesquita e o complexo escolar serviam de esconderijo para militantes do Hamas que planejavam ataques contra militares israelenses. "Pode-se confirmar, neste momento, que pelo menos 19 terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica foram eliminados", anunciaram os militares em um comunicado.

Apesar do alto número preliminar de mortos, os militares israelenses disseram que "várias medidas foram tomadas para reduzir a possibilidade de vítimas civis, incluindo o uso de munições precisas, vigilância aérea e informações de inteligência".

Eles também refutaram as alegações das autoridades de Gaza: "O ataque foi realizado com três munições de precisão que, de acordo com a análise profissional, não podem causar a quantidade de danos relatados".

Condenação internacional

Enquanto Israel insiste que o ataque foi direcionado exclusivamente a militantes palestinos, a comunidade internacional condenou as repetidas ações militares israelenses contra áreas com grandes populações civis.

Moscou disse estar "profundamente chocada" com o que aconteceu. "Expressamos nossas sinceras condolências às famílias das vítimas. Desejamos aos feridos uma rápida recuperação", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em um comunicado. " Acreditamos que não há e não pode haver justificativa para esses ataques", acrescentou.

A Casa Branca também disse estar "profundamente preocupada com os relatos de mortes de civis em Gaza" após o ataque, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, em um comunicado. "Estamos em contato com nossos colegas israelenses, que afirmaram ter como alvo altos funcionários do Hamas, e estamos pedindo mais detalhes", acrescentou.

Da mesma forma, o Alto Representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança, Josep Borrell, afirmou que estava "horrorizado" com as imagens da escola após o ataque israelense.

"Pelo menos 10 escolas foram atacadas nas últimas semanas. Não há justificativa para esses massacres", continuou, lembrando que pelo menos 40.000 palestinos foram mortos desde a escalada do conflito entre Israel e o Hamas.

De acordo com Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, "Israel está cometendo genocídio contra os palestinos bairro por bairro, hospital por hospital, escola por escola, campo de refugiados por campo de refugiados, 'zona segura' por 'zona segura'. Com armas americanas e europeias", comentou em sua conta no X.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, chamou a ação israelense na escola de um exemplo claro de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Ancara também condenou o ocorrido e culpou Israel por ter cometido "um novo crime contra a humanidade ao massacrar mais de cem civis que haviam se refugiado em uma escola".O Ministério das Relações Exteriores da Turquia também acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de querer "sabotar as negociações de cessar-fogo".