Quem é Yahya Sinwar, o "inimigo público número um em Israel"

O novo chefe do Hamas passou 23 anos em uma prisão israelense, e é considerado por Tel Aviv como o principal responsável pelos ataques de 7 de outubro. Horas após o anúncio de sua nomeação, os líderes israelenses expressaram seu desejo de "eliminá-lo rapidamente", enquanto os EUA manifestaram esperança de que as negociações fossem retomadas.

O movimento palestino Hamas escolheu na terça-feira Yahya Sinwar, dirigente de alto escalão em Gaza, como seu novo líder. A nomeação ocorre para substituição do antigo líder do movimento, Ismail Haniyeh, que foi assassinado em Teerã na semana passada.

Como afirma a Al-Jazeera, esse membro histórico da organização é o "inimigo público número um em Israel". Em Tel Aviv, Sinwar é considerado um dos principais arquitetos do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro e, dias após o início do conflito, oficiais das Forças de Defesa de Israel (FDI) o qualificaram como "um homem morto que anda", ao tornar-se um de seus alvos.

"Ao escolhê-lo como chefe de seu departamento político, o Hamas está enviando uma mensagem de desafio ao governo israelense", dizem os especialistas da rede de notícias.

Quatro sentenças de prisão perpétua e 23 anos em uma prisão israelense

Sinwar entrou para o Hamas quase imediatamente após a fundação do movimento em 1987. Pouco tempo depois, ele foi capturado por Israel e condenado a quatro sentenças de prisão perpétua - o equivalente a 426 anos de prisão - pelo suposto assassinato de dois soldados israelenses e quatro espiões palestinos.

Ele passou 23 anos em uma prisão israelense e só foi libertado em 2011 como parte de uma troca de prisioneiros.

Conhecimento de hebraico e de Israel

Durante esse tempo, Sinwar aprendeu hebraico e se interessou profundamente pela política interna israelense, o que, como observa o The Wall Street Journal, o ajudou a planejar o ataque de 7 de outubro. Como observa o NYT, Sinwar traduziu para o árabe dezenas de milhares de páginas de autobiografias contrabandeadas em hebraico escritas por ex-chefes da agência de segurança nacional de Israel, a Shin Bet, e compartilhou as páginas traduzidas para que os presos pudessem estudar as táticas de antiterrorismo da agência.

Dirigente do Hamas em Gaza

Depois de retornar de uma prisão israelense, Sinwar subiu rapidamente na hierarquia do Hamas. Em 2017, ele foi nomeado chefe da organização na Faixa de Gaza, sucedendo Ismail Haniyeh, que se tornou chefe do departamento político do Hamas.

Haniyeh substituiu Khaled Meshaal, o que foi visto por Israel como um sinal de que o movimento havia se tornado mais militante. Sinwar, por sua vez, era visto como uma ponte entre a liderança política e a ala militante, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, lideradas por Mohammed Deif.

Sinwar após o início da guerra com Israel

Ao contrário de Ismail Haniyeh, que participou ativamente das negociações e viajou pela região até ser assassinado em Teerã na semana passada, Sinwar permanece na Faixa de Gaza e praticamente não fez aparições públicas desde 7 de outubro.

O NYT informa, citando pessoas familiarizadas com as negociações, que, embora Sinwar não estivesse pessoalmente envolvido nas discussões, os negociadores do movimento buscaram seu consentimento antes de aceitar qualquer concessão.

"O principal tomador de decisões" nas negociações que Israel quer "eliminar"

Poucas horas após o anúncio de Sinwar como o novo chefe do Hamas, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, pediu que ele fosse "eliminado rapidamente". "A nomeação do arquiterrorista Yahya Sinwar como o novo líder do Hamas, substituindo Ismail Haniyeh, é mais uma razão convincente para eliminá-lo rapidamente e varrer essa organização vil da face da terra", publicou Katz em sua conta no X.

Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acredita que o novo líder do Hamas é o principal responsável por decidir o cessar-fogo com Israel. "Ele [Yahya Sinwar] foi e continua sendo o principal responsável pela decisão de concluir o cessar-fogo, portanto, acho que isso apenas ressalta o fato de que realmente cabe a ele decidir se vai prosseguir com o cessar-fogo", declarou Blinken.