Perigosa praga de cabras e ovelhas se espalha pela UE

O vírus não afeta os seres humanos, mas é altamente contagioso entre os pequenos ruminantes e pode matar até 70% dos animais infectados.

Os Governos do sudeste da Europa estão lutando para conter um surto de peste ovina e caprina que, segundo informações, começou no mês passado na Romênia e ameaça se espalhar para a Bulgária e os Bálcãs. Os animais afetados estão sofrendo de febre alta e fraqueza, além de secreção ocular e nasal.

A Bulgária ainda não relatou nenhum caso, mas já introduziu a desinfecção obrigatória de veículos em todas as passagens de fronteira a partir de segunda-feira, segundo a mídia local. A medida também inclui a obrigação de realizar testes de PCR em animais e eles só poderão entrar no país após um resultado negativo.

Enquanto isso, a Grécia proibiu o movimento de ovelhas e cabras de suas fazendas para tentar conter a infecção viral detectada pela primeira vez no país em 11 de julho.

Até 29 de julho, cerca de 8.000 animais haviam sido abatidos e mais de 200.000 testados, principalmente na região central da Tessália, declarou à Reuters Georgios Stratakos, funcionário sênior do Ministério da Agricultura da Grécia.

Entre as restrições anunciadas no mesmo dia pelo ministro da agricultura e do desenvolvimento rural do país, Kostas Tsiaras, está a proibição do abate de cabras e ovelhas para consumo humano, bem como a extensão para todo o país das medidas que estão em vigor há mais de uma semana na Tessália.

De acordo com Christos Tsopanos, presidente da Associação Grega de Criadores de Gado, citado pelo The Guardian, "a Grécia tem 14 milhões de cabras e ovelhas, mais do que qualquer outro estado [da UE]", e os animais abatidos ainda não representam um número alarmante.

"É um problema para os fazendeiros que perderam seus animais, mas esperamos que eles recebam uma indenização rapidamente", disse Tsopanos.

O leite das fazendas gregas é usado para fazer queijo feta, que é um importante motor econômico para o país. Tsiaras disse que as exportações de queijo feta não estão em risco, mas não se pode descartar um possível aumento nos preços dos queijos mais populares.

Perdas milionárias

A Peste dos Pequenos Ruminantes (PPR), também conhecida como "peste das cabras", foi relatada pela primeira vez em 1942 na Costa do Marfim e tornou-se um fator gerador de enormes perdas socioeconômicas, espalhando-se por regiões da África, do Oriente Médio, da Ásia e da Europa.

Atualmente, mais de 70 países foram afetados ou estão em alto risco. Os surtos de PPR são uma emergência devido à rápida disseminação da doença e à sua alta taxa de mortalidade animal.

Relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) detalham que a PPR causa perdas econômicas anuais de até 2,1 bilhões de dólares.

Além desse valor, 300 milhões de famílias correm o risco de perder seus meios de subsistência, segurança alimentar e oportunidades de emprego. Além disso, o surto tem o potencial de afetar as receitas de exportação e criar escassez de suprimentos.

A Organização Mundial de Saúde Animal e a FAO, em sua estratégia conjunta para o controle e a erradicação da PPR, estabeleceram a meta de erradicar a doença até 2030.