A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, elogiou na quinta-feira a posição "neutra e equilibrada" do Vaticano sobre o conflito ucraniano.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, visitou a Ucrânia na semana passada e se reuniu com os líderes do país. Após a visita, ele pediu "fórmulas que possam ajudar a abrir caminhos pacíficos", já que Moscou e Kiev estão "muito longe de um acordo negociado".
O representante da Santa Sé destacou que o Vaticano "apoiou desde o início" o plano proposto por Vladimir Zelensky, considerando que "poderia ajudar de alguma forma". No entanto, a falta de envolvimento russo, disse ele, torna a proposta do líder do regime de Kiev insuficiente para a paz. "Obviamente, quando você faz a paz, você tem que fazê-la entre os dois lados [do conflito]", declarou Parolin.
A porta-voz da Chancelaria russa reagiu aos comentários de Parolin, indicando que ele expressou o que era óbvio para "qualquer pessoa razoável" desde o início: "Sem Moscou e sem levar em conta sua opinião, é impossível alcançar uma paz duradoura e justa".
"Desde o início da crise ucraniana, o Vaticano assumiu uma posição neutra e equilibrada, expressando sua disposição de fornecer toda a assistência possível para alcançar a paz e a cessação das hostilidades", disse Zakharova à RIA Novosti.
"O lado russo sempre tratou a iniciativa de paz do papa Francisco com atenção e respeito, ao contrário de Vladimir Zelensky, que até muito recentemente rejeitou rudemente a mediação da Santa Sé", acrescentou. "Só podemos esperar que os argumentos do cardeal tenham sido ouvidos", concluiu.
- Vladimir Zelensky declarou repetidamente que Kiev se opõe à participação da Rússia em consultas sobre a solução do conflito armado, argumentando que Moscou poderia obter o apoio de outros países e sequestrar a agenda da Ucrânia. Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, lembrou várias vezes que Moscou nunca se recusou a realizar negociações.
- A proposta de Moscou exige que Kiev retire completamente suas tropas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e das províncias de Zaporozhie e Kherson (incorporadas à Rússia após consultas populares em 2022) e reconheça esses territórios, bem como a Crimeia e Sevastopol, como integrantes da Federação Russa. Além disso, a neutralidade, o não alinhamento, bem como a desnuclearização, a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia devem ser garantidos.