Espécie de árvore comum em São Paulo pode auxiliar cidades diante de emergências climáticas
A tipuana tipu, uma árvore decídua e florífera, largamente utilizada na arborização no Brasil, nomeadamente nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, se mostrou resistente a secas extremas e pode ser usada como uma alternativa para promover a resiliência das cidades urbanas contra as mudanças do clima, segundo uma pesquisa publicada na revista Urban Climate.
O estudo analisou os efeitos da seca extrema que ocorreu em São Paulo nos anos 2013 e 2014 sobre o desenvolvimento de árvores nas ruas e parques da capital paulista. À época, o fenômeno foi considerado anormal, sobretudo porque o período é geralmente caracterizado por chuvas.
Os resultados da análise revelaram que a tipuana mostra aceleração de fotossíntese em condições das altas temperaturas, mostrando a taxa de crescimento acelerada.
"Precisamos de cidades cada vez mais resilientes diante dos efeitos do aquecimento global. E uma das ferramentas para isso é a arborização urbana. Temos de ser pragmáticos em alguns momentos e devemos escolher espécies capazes de responder bem a esses eventos extremos para não perdermos a provisão de serviços ecossistêmicos, como a captura de carbono e a regulação de temperatura", explica o professor Giuliano Locosselli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo, autor do artigo.
De acordo com os dados do relatório da ONU-Habitat, as áreas urbanas já abrigam 55% da população mundial, e espera-se que esse número cresça para 68% até 2050.
Por esse motivo, a discussão sobre cidades resilientes, com planejamento territorial e a capacidade de enfrentar os desafios climáticos está ganhando terreno em todo o mundo.