Assessor de Zelensky: "As negociações com a Rússia são necessárias"
A Ucrânia está pronta para manter negociações com a Rússia, disse Mikhail Podoliak, conselheiro de Vladimir Zelensky, em uma entrevista ao veículo de mídia ucraniano Straná na terça-feira.
"Sem dúvida, as negociações são necessárias, mas a Ucrânia diz claramente: vamos conversar em termos baseados no direito internacional como um conceito. E o principal nesse conceito é a integridade territorial e a soberania do Estado", disse.
Ao mesmo tempo, Podoliak enfatizou a importância do apoio contínuo do Ocidente ao regime de Kiev, incluindo o fornecimento de armas, e apontou a necessidade de suspender as restrições impostas por alguns de seus aliados ocidentais aos ataques ucranianos contra alvos dentro do território russo. Além disso, argumentou que a Rússia não deveria ter permissão para presidir o Conselho de Segurança da ONU e fazer parte de outras plataformas internacionais.
Na semana passada, em entrevista à AP, Podoliak comparou as negociações com Moscou a um "pacto com o diabo", pois, segundo ele, um acordo com a Rússia não encerraria o conflito na Ucrânia, mas daria tempo ao exército russo para se fortalecer e supostamente iniciar "outro capítulo" do conflito armado.
Mudança na posição de Kiev
Zelensky, que segue no poder dois meses depois de seu mandato presidencial ter expirado, tem se oposto às negociações com Moscou desde o início da operação especial russa, tendo até mesmo assinado um decreto em setembro de 2022 proibindo Kiev de entrar em negociações de paz com a Rússia enquanto Vladimir Putin for presidente.
Na semana passada, no entanto, declarou que agora admite a possibilidade de negociações com Putin para "tentar encerrar a fase quente da guerra até o final do ano", sem que a Ucrânia tenha que "retomar todos os territórios à força". Ele também indicou que os parceiros ocidentais deveriam pressionar a Rússia “para concordar em sentar e pensar em acabar com a guerra”.
Moscou, no entanto, nunca se recusou a conversar com Kiev e já disse várias vezes que está disposta a realizar negociações para cessar as hostilidades. De fato, em meados de junho, o presidente Putin fez uma proposta de paz que prevê a retirada completa das tropas de Kiev das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e das províncias de Zaporozhie e Kherson - incorporadas à Rússia após consultas populares em 2022 -, bem como o reconhecimento desses territórios, juntamente com a Crimeia e Sevastopol, como súditos da Federação Russa.
Paralelamente, a neutralidade, o não alinhamento, bem como a desnuclearização, a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia devem ser garantidos.