Japão reage após Brasil reconhecer a tortura de imigrantes do país

Anteriormente, o ministério dos Direitos Humanos realizou um pedido formal de desculpas pela perseguição praticada contra a comunidade japonesa durante a Era Vargas e o Governo Dutra.

Em uma conferência de imprensa realizada na sexta-feira, Yoshimasa Hayashi, secretário-chefe do Gabinete japonês, reagiu ao pedido formal de desculpas emitido pelo Governo brasileiro em razão da perseguição e tortura praticada contra imigrantes japoneses entre as décadas de 1930 e 1950. 

"Entendemos que o pedido de desculpas oferecido (...) foi satisfatório para os peticionários e também para as organizações nipo-brasileiras", afirmou o representante, que destacou o importante papel da comunidade japonesa na história do país latino-americano e nas relações entre Tóquio e Brasília. 

Na quinta-feira, Eneá de Stutz e Almeida, presidente da Comissão de Anistia do ministério de Direitos Humanos e Cidadania, realizou um pedido formal de desculpas diante de familiares e descendentes japoneses vitimados pelas ações do Governo brasileiro. 

"Eu quero pedir desculpas, em nome do Estado brasileiro, pela perseguição que os antepassados dos senhores e das senhoras sofreram", afirmou durante a sessão. "Que essas histórias sejam contadas para gerações futuras, para que isso nunca mais se repita", acrescentou.

Trata-se da primeira vez que o Brasil reconhece a perseguição política contra imigrantes japoneses durante os Governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra. Durante o período, milhares de pessoas foram discriminadas por conta de suas raízes, seja através da proibição do idioma japonês, da deportação de famílias,da detenção em "campos de internamento" ou da tortura de 170 japoneses em uma prisão no litoral de São Paulo.

Os imigrantes japoneses foram inicialmente marginalizados por conta do alinhamento do Japão à Alemanha Nazista, inimiga do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Em seguida, pelas ações do Shindo Renmei - uma organização terrorista criada no interior de São Paulo que tinha como alvo isseis e nipo-brasileiros que acreditavam nas notícias da derrota japonesa no conflito.