O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, manterá uma conversa por telefone com seu homólogo dos EUA, Joe Biden, nesta terça-feira às 15:30 do horário de Brasília, à pedido da Casa Branca, em meio às tensões envolvendo o resultado eleitoral na Venezuela. A informação foi disponibilizada pelo Governo do Brasil, e já consta na agenda do Presidente da República. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou na segunda-feira "sérias preocupações" de que o resultado eleitoral "não reflita a vontade do povo venezuelano".
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, teve sua reeleição anunciada na segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, o qual validou o resultado de 51,2% dos votos para Maduro contra 44,2% para o candidato da oposição, Edmundo Gonzáles Urrutia. A oposição alega que a eleição foi fraudada, e os Estados Unidos acusam o processo eleitoral venezuelano de ter sido manipulado, ameaçando o país latino-americano com sanções.
O Governo brasileiro ainda não se manifestou sobre o resultado oficial anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano. O assessor especial do Governo de Lula para relações exteriores, Celso Amorim, encontrou-se com o presidente venezuelano na noite de segunda-feira, solicitando ao mandatário a divulgação integral das atas de votação para o Brasil tomar uma posição oficial. Maduro assegurou que as atas serão entregues "nos próximos dias".
Reações ao processo eleitoral
Após o anúncio da vitória nas eleições presidenciais, diversos líderes mundiais felicitaram Nicolás Maduro. Ainda na segunda-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou o presidente venezuelano e anunciou disposição para continuar o "trabalho conjunto construtivo em questões atuais da agenda bilateral e internacional".
O presidente da China, Xi Jinping, cumprimentou Maduro pela sua reeleição, classificando as relações sino-venezuelanas como amigáveis, além de declarar que o presidente da Venezuela "liderou seu Governo e seu povo em busca de um caminho de desenvolvimento adequado às suas próprias condições nacionais", informou a agência estatal de notícias chinesa Xinhua.
Líderes de países latino-americanos também felicitaram Maduro pela vitória eleitoral. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, transmitiu a Nicolás Maduro "calorosas felicitações em nome do Partido, do Governo e do povo cubano" pela "vitória eleitoral histórica". Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, saudou "a grande vitória" do presidente venezuelano no processo eleitoral. O presidente boliviano, Luis Arce, também felicitou Nicolás Maduro, e mencionou que essa vitória é uma "grande maneira de recordar o Comandante Hugo Chavez".
No entanto, outros países latino-americanos reagiram negativamente ao processo eleitoral. Gabriel Boric, presidente chileno, declarou ser "difícil de acreditar" nos resultados publicados e declarou que não reconhecerá nenhum resultado "que não seja verificável". O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou que "não é possível reconhecer uma vitória" que, segundo ele, fez parte de um "processo viciado", e em cujos mecanismos não podem ser confiados. Já Javier Milei, presidente da Argentina, foi mais incisivo em suas críticas contra o seu homólogo venezuelano, acusando Nicolás de Maduro de ser um "ditador", e que o processo eleitoral foi uma "fraude", enfatizando que a Argentina não reconhecerá o resultado eleitoral.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, anunciou a expulsão do corpo diplomático de sete países: Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai. O Governo da Venezuela exigiu "de maneira imediata" a retirada dos representantes desses países do território venezuelano.