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EUA admitem ter espalhado desinformação sobre a vacina chinesa - Reuters

O Pentágono teria criado centenas de perfis falsos nas redes sociais para convencer os filipinos de que o imunizante da Sinovac não funciona.
EUA admitem ter espalhado desinformação sobre a vacina chinesa - ReutersGettyimages.ru / NurPhoto

As forças armadas dos EUA admitiram ter realizado uma campanha secreta com o objetivo de desacreditar a vacina chinesa Sinovac nas Filipinas e em toda a Ásia e Oriente Médio, informou a Reuters.

"É verdade que o [Departamento de Defesa] enviou mensagens ao público das Filipinas questionando a segurança e a eficácia da Sinovac", escreveram os oficiais do Pentágono a seus colegas filipinos em uma carta datada de 25 de junho e divulgada pela Reuters na sexta-feira.

De acordo com o documento, o Pentágono admitiu que "cometeu alguns erros" em suas mensagens relativas à pandemia de covid-19, mas garantiu ao país asiático que interrompeu a operação no final de 2021 e, desde então, "melhorou muito a supervisão e a responsabilidade das operações de informação".

A operação em questão começou em 2020, depois que a China anunciou que distribuiria vacinas Sinovac nas Filipinas gratuitamente. Diante da dinâmica, benéfica para a diplomacia e percepção da China, o Pentágono ordenou que seu centro de operações psicológicas na Flórida criasse pelo menos 300 perfis falsos de mídia social para levantar suspeições sobre a vacina chinesa, revelou uma investigação da Reuters no mês passado.

"A COVID veio da China e a VACINA também veio da China, não confie na China!", lê-se em uma das postagens criadas pela equipe de operações psicológicas, enquanto outra afirma: "Da China - EPI, máscara facial, vacina: FALSOS. Mas o Coronavírus é real".

Os oficiais militares envolvidos na campanha sabiam que seu objetivo não era proteger os filipinos de uma vacina insegura, mas "arrastar a China para a lama", disse um oficial sênior à Reuters.

A campanha de propaganda logo se espalhou para além das Filipinas, de acordo com o relatório. O público muçulmano da Ásia Central e do Oriente Médio foi informado que a Sinovac continha banha de porco e, portanto, deveria ser proibida pela lei islâmica. A campanha forçou a Sinovac a divulgar uma declaração esclarecendo que a vacina era "fabricada sem materiais suínos".

O Pentágono não reconheceu publicamente a carta enviada aos militares filipinos, e os Governos dos EUA e das Filipinas se recusaram a comentar o assunto para a Reuters.