Novas evidências de possível vida em Marte são encontradas

As "manchas de leopardo" em uma rocha marciana podem ter sido formadas por reações químicas que também seriam uma fonte de energia para microrganismos.

A NASA informou na quinta-feira que o rover Perseverance coletou uma nova amostra de rocha marciana no domingo, enquanto explorava a borda norte de Neretva Vallis, um vale fluvial de 400 metros de largura formado pela água que corria para a cratera Jezero há milhares de anos.

O explorador marciano tem coletado e armazenado rochas e regolito na cratera Jezero, localizada na borda oeste da planície Isidis Planitia, ao norte do equador de Marte. Acredita-se que essa depressão topográfica de 45 quilômetros de diâmetro tenha sido coberta por água e pode ter abrigado um delta de rio. As informações coletadas ali podem revelar evidências do passado úmido do planeta vermelho.

Novas evidências de vida em Marte?

A nova amostra foi chamada de  "Cataratas Cheyava " (em homenagem a uma cachoeira no Grand Canyon, nos EUA) e é um pedaço de rocha com um metro de largura e 0,6 metro de altura. O fragmento de rocha intrigou os pesquisadores por causa de suas características distintas.

Longas faixas de sulfato de cálcio são visíveis na rocha, bem como faixas de possível hematita, um dos minerais que contribuem para a cor avermelhada característica de Marte. Ao examinar de perto essas faixas de hematita, o Perseverance detectou uma dúzia de círculos esbranquiçados com bordas pretas, cada um com cerca de um milímetro de largura, parecidos com as manchas de um leopardo.

Quando o instrumento PIXL a bordo do rover marciano analisou a composição química da amostra de rocha, descobriu-se que as bordas pretas continham ferro e fosfato.  "Essas manchas são uma grande surpresa", disse o astrobiólogo David Flannery, que observou que, em nosso planeta,  "esses tipos de características nas rochas são frequentemente associados ao registro fossilizado de micróbios que vivem na subsuperfície".

Na Terra, essas manchas são causadas por reações químicas que tingem de branco as rochas sedimentares de hematita vermelha, mas também produzem círculos negros de ferro e fosfato. Segundo a NASA, essas reações também podem ser uma fonte de energia da qual os microrganismos podem se alimentar.

Uma rocha desconcertante

O cientista Ken Farley afirma que a rocha é a  "mais desconcertante, complexa e potencialmente importante que o Perseverance investigou até agora", e há dúvidas sobre como se formou. Os pesquisadores sugerem que a rocha era inicialmente lama com compostos orgânicos, e que adquiriu os veios e manchas de sulfato de cálcio quando a água entrou em suas fissuras.

No entanto, a presença de olivina (um mineral que se forma no magma) nas manchas de veios de sulfato de cálcio confundiu ainda mais os cientistas, que também se perguntam se a olivina e o sulfato de cálcio poderiam ter sido introduzidos na rocha por uma reação química durante um período em que a região foi aquecida a uma temperatura incompatível com a vida. Para responder a essas perguntas, diz Farley, a rocha precisa ser trazida à Terra para ser analisada em laboratórios.