O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta quarta-feira as diretrizes da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sua principal iniciativa enquanto lidera o G20.
Lula destacou que a fome não é apenas consequência de fatores externos, mas resulta principalmente de decisões políticas.
"Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la [a fome]. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos. Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a 2,4 trilhões de dólares. Inverter essa lógica é um imperativo moral, de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável".
O lançamento da aliança ocorreu no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro.
Em seu discurso, Lula mencionou que, ao longo dos séculos, a fome e a pobreza foram rodeadas por "preconceitos e interesses", sendo vistas por muitos como um "mal necessário" para obter mão-de-obra barata, e que a pobreza era atribuída a uma "indolência inata".
"Ao longo dos séculos, a fome e a pobreza foram cercadas por preconceitos e interesses", disse Lula. "Nas últimas décadas, a globalização neoliberal piorou esse quadro", acrescentou.
Crítica ao sistema econômico
Ao apresentar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a presidência temporária do Brasil no G20, Lula lamentou que durante 80 anos "a arquitetura financeira global mudou pouco e as bases para uma nova governança econômica não foram lançadas".
"A representação distorcida na gestão do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial é um obstáculo para o enfrentamento dos complexos problemas atuais. Sem uma governança mais eficaz e justa, na qual o Sul global esteja adequadamente representado, problemas como a fome e a pobreza serão recorrentes", acrescentou Lula.