O líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, está insinuando a possibilidade de negociações com a Rússia, já que enfrenta dificuldades na linha de frente e perspectivas incertas de apoio de aliados próximos, informa a CNN.
O veículo norte-americano aponta para o tom excepcionalmente moderado de Zelensky em sua mensagem à nação nesta semana, quando ele sugeriu convidar uma delegação russa para a próxima cúpula de paz ucraniana, que espera convocar em novembro.
A última conferência, realizada na Suíça no mês passado, não contou com a participação de representantes russos. Isso porque o ucraniano exige que primeiro, Moscou retire suas tropas dos territórios que controla desde o início do conflito em fevereiro de 2022. Além disso, Zelensky proibiu qualquer negociação com Moscou através de um decreto assinado em setembro de 2022.
A CNN chama a atenção para o fato de que as tropas russas continuam avançando no campo de batalha, embora em um ritmo mais moderado desde maio, enquanto Zelensky disse a repórteres na segunda-feira que o resultado do conflito dependia não apenas de Kiev, "mas também das finanças, das armas, do apoio político, da unidade na UE, na OTAN, no mundo".
John Herbst, ex-embaixador dos EUA em Kiev, sugeriu à CNN que a mudança de tom de Zelenski poderia ser uma reação aos acontecimentos nos Estados Unidos, incluindo a nomeação do senador J.D. Vance, um forte crítico da ajuda à Ucrânia, como companheiro de chapa do candidato republicano Donald Trump.
De acordo com o diplomata, Zelensky pode estar tentando estabelecer contatos com o possível futuro Governo Trump, indicando que estaria disposto a negociar, desde que o acordo na mesa seja justo.
Na sexta-feira, o ex-presidente Trump informou que teve uma conversa telefônica com Zelenski, que ele descreveu como "ótima". Trump reiterou que, "como o próximo presidente dos Estados Unidos", traria paz ao mundo e colocaria um fim no conflito ucraniano.
O candidato republicano afirmou em várias ocasiões que poderia acabar com o conflito em 24 horas, antes mesmo de tomar posse. Ele também enfatizou com frequência que tem um "relacionamento muito bom" com o presidente russo Vladimir Putin.
- Moscou declarou repetidamente que está pronta para negociar o fim das hostilidades. Nesse contexto, foi elaborada uma proposta de paz que prevê a retirada das tropas de Kiev das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e das províncias de Zaporozhie e Kherson - incorporadas à Rússia após consultas populares em 2022 - bem como o reconhecimento desses territórios, juntamente com a Crimeia e Sevastopol, como parte da Federação Russa. Paralelamente, a neutralidade, o não alinhamento, bem como a desnuclearização, a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia devem ser garantidos.