O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, indicou que estaria menos disposto a defender Taiwan da China continental do que seu rival democrata e atual presidente dos EUA, Joe Biden.
É "estúpido" para Washington oferecer proteção à península de graça, insistiu Trump em uma entrevista à Bloomberg gravada em 25 de junho, mas publicada na terça-feira. "Eles ficaram com cerca de 100% do nosso negócio de chips. Acho que Taiwan deveria nos pagar pela defesa", disse.
A ilha de Taiwan, que a China considera como parte de seu território, produz cerca de 90% dos chips semicondutores super avançados do mundo.
"Não acho que sejamos diferentes de uma apólice de seguro", enfatizou o ex-presidente. "Taiwan não nos dá nada", apesar de ser "imensamente rico", acrescentou.
Segundo Trump, proteger a ilha também seria problemático para Washington devido a razões geográficas. "Taiwan está a 9.500 milhas (cerca de 15.000 km) de distância [dos EUA]. Está a 68 milhas (pouco menos de 110 km) de distância da China", explicou.
Cho Jung-tai, primeiro-ministro do governo questionado de Taiwan, respondeu aos comentários de Trump dizendo que a ilha de 23,5 milhões de habitantes está empenhada em aumentar suas defesas e "disposta a assumir mais responsabilidade" por sua própria segurança.
"Taiwan tem fortalecido constantemente seu orçamento de defesa e demonstrado sua responsabilidade para a comunidade internacional", disse ele durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
Cho Jung-tai expressou a esperança de que "enquanto continuarmos demonstrando [esses esforços], receberemos apoio de mais países".
A liderança agradeceu várias vezes aos EUA por dar atenção à questão da segurança de Taiwan, enfatizando que Taipei e Washington têm "boas relações", apesar da falta de laços formais.
Oficialmente, os EUA aceitam a política de "uma só China", que afirma que Taiwan é parte integrante do território chinês. No entanto, Washington vem apoiando as forças pró-independência de Taiwan e fornecendo armas para a ilha. Biden prometeu em várias ocasiões que os Estados Unidos defenderiam Taiwan militarmente na eventualidade de um ataque de Pequim.
Pequim se opõe vigorosamente aos contatos entre Washington e Taipei, chamando repetidamente a questão de Taiwan de sua "linha vermelha". As autoridades chinesas afirmam preferir uma reunificação pacífica com a ilha, mas alertar que um cenário militar não pode ser descartado.