O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, preside nesta quarta-feira a reunião ministerial do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina.
Durante seu discurso, Lavrov enfatizou a necessidade de uma conversa "franca" para acabar com o "derramamento de sangue" no Oriente Médio e alcançar uma solução de longo prazo. "É preciso haver uma conversa franca e honesta sobre como pôr fim, sem demora, ao derramamento de sangue e ao sofrimento da população civil e avançar em direção a uma solução de longo prazo, tanto para os conflitos de longa data quanto para os relativamente novos", disse chanceler russo.
Lavrov também destacou que, historicamente, a Rússia tem mantido boas relações com todos os países da região, sublinhando que Moscou sempre favoreceu o estabelecimento de um Estado palestino e o direito dos palestinos à autodeterminação.
"A Rússia apoia a adesão da Palestina à ONU e sua soberania já foi reconhecida por quase 150 países", afirmou o diplomata, ao detalhar que, desde o início, a Rússia tem apreciado o potencial da Iniciativa de Paz Árabe de 2002, proposta pela Arábia Saudita.
"O mandato do passado colonial continua sendo um legado pesado para os países da região", enfatizou.
Segundo ele, o Conselho da ONU se reúne pela quarta vez em 10 meses com participação dos ministros, mas todas as decisões "permanecem no papel".
O ministro russo manifestou que a Rússia condenou o ataque terrorista contra Israel realizado em 7 de outubro do ano passado, mas "o que está acontecendo em Gaza é inaceitável".
Além disso, Lavrov lembrou que em 10 meses de operação militar de Israel em Gaza, quase 40.000 civis palestinos foram mortos e 90.000 ficaram feridos, a maioria dos quais são mulheres e crianças.
A Faixa de Gaza está agora em ruínas, passando fome em massa e uma catástrofe humanitária com ausência de acesso sustentável a todos os afetados e aqueles que precisam de ajuda, disse Lavrov.
Ele também denunciou que os "novos experimentos geopolíticos" do Ocidente estão agravando a situação no Oriente Médio e no norte da África, ressaltando que a onda de violência "sem precedentes" em Gaza é, em grande parte, resultado da política dos EUA na região.
Nesse contexto, Lavrov disse que a Rússia reafirmou a relevância de sua iniciativa de reunir todos os "atores externos" que têm influência sobre as diversas forças palestinas.
- Essa é a segunda reunião ministerial do Conselho de Segurança da ONU desde que a Rússia passou a ocupar a presidência da organização, assumida por Moscou em 1º de julho por um período de um mês.
- No dia anterior, Lavrov discursou em outra reunião do Conselho de Segurança sobre "Cooperação multilateral para a criação de uma ordem mundial mais justa, democrática e estável".
- A última vez que o país euro-asiático presidiu essa estrutura fundamental da organização mundial foi em abril de 2023.